Na semana que vem, no dia 30, entram em vigor as regras da Apple para vender apps no iTunes Store. Anunciadas em fevereiro, são vistas como draconianas por publishers e redes sociais e levantaram questionamento até dos reguladores antitruste dos EUA.
Nas duas últimas semanas, a Apple passou a enfrentar um cabo de guerra com os provedores de conteúdo.
A Apple "exagerou", diz o analista James McQuivey, da Forrester Research. Suas regras preveem uma taxa de 30% a ser paga à empresa. Ele avalia que até 5% seriam aceitáveis, pois "oferece acesso a consumidores e merece taxa por facilitação", mas 30% "matam" o provedor.
O analista sugeriu que as regras levariam os publishers a desenvolver aplicativos fora da Apple, a serem acessados pela internet. Foi o que fez o "Financial Times", que anunciou há uma semana o apps.ft.com, em HTML5.
Pode assim, como divulgou o próprio "FT", "contornar o iTunes Store, da Apple, o Android Market, do Google, e outros distribuidores para assegurar uma relação direta com seus leitores".
No mesmo dia, em "coincidência" ironizada por McQuivey, a Apple desistiu de parte das regras anunciadas em fevereiro. Reduziu o controle sobre o acesso a conteúdo pago fora do iTunes Store e liberou os publishers a cobrar o que quiserem, tanto fora como dentro do aplicativo --a restrição era o maior risco que corria, de uma intervenção antitruste.
CAMINHO ABERTO
Para Nick Thomas, também analista da Forrester, a ação do "FT" indica que outros grandes publishers devem seguir o caminho aberto e desenvolver aplicativos em HTML5, apesar do recuo da Apple. "A Apple ainda não satisfez as preocupações", diz McQuivey. Seguem a exigência de 30% e o veto aos links, no app oferecido via iTunes, para seus próprios sites e páginas de assinatura.
O grupo Pearson, que edita "FT" e "Economist", não está sozinho na briga. Foi precedido pela "Playboy", que lançou em maio o iplayboy.com, desenvolvido em HTML5, mas "otimizado para o iPad".
Sua motivação, porém, não seriam apenas as regras draconianas, mas o risco de sofrer censura moral da Apple.
O Pearson divulgou que, na primeira semana, mais de 100 mil pessoas haviam usado o apps.ft.com --que, embora acessado via browser, é semelhante ao app vendido no iTunes. Acrescentou que segue em negociações com a Apple sobre as regras, mas que seu foco agora é nos aplicativos baseados na internet.
Já desenvolve uma versão de seu web app para Android, que vai permitir contornar também o Android Market do Google, que cobra 10%.
REDE SOCIAL
O Facebook segue estratégia semelhante à do "FT". Preparou seu app para iPad, mas vinha segurando a entrada em operação como trunfo nas negociações com a Apple, segundo o TechCrunch.
Paralelamente, iniciou o Projeto Spartan, como é chamado internamente seu web app, que está sendo desenvolvido especificamente para o browser Safari, do iPhone e do iPad, mas visa contornar o iTunes. Uma versão para Android viria logo depois.
Em seguida ao vazamento do projeto, fontes do Facebook falaram ao "New York Times" que o app para iPad será lançado "nas próximas semanas".
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