Já não basta entreter e conquistar os fãs. Os videogames "devem ensinar coisas que sejam úteis" na vida real, afirmou, em entrevista à Efe, Trip Hawkins, fundador da EA e da Digital Chocolate. Ele visitou a feira de videogames Gamelab, em Barcelona, nesta quarta-feira (29).
"Sou o tipo de pessoa que não liga para a mulher três minutos antes de chegar em casa. Não quero falar por telefone com ela, quero estar pessoalmente com ela", disse Hawkins, para esclarecer como lamenta a situação de pessoas obcecadas por tecnologia que esquecem a vida real.
Para este guru do entretenimento digital, a solução para os videogames não alienarem os usuários da realidade é ensinar algo. Para tanto, ele acredita que os jogos sociais são fundamentais, por se tratarem de "um campo muito novo, em fase de experimentação e com perspectivas de melhoras".
Hawkins defendeu que em um contexto como o da internet, no qual "nenhuma grande companhia controla o mercado", qualquer jovem desenvolvedor pode alcançar o sucesso, porque "ser o maior deixou de ser sinônimo de ser o melhor".
O presidente da Digital Chocolate disse que "o conteúdo é o rei" e que o desenvolvedor conta com mais liberdade para fazê-lo chegar a um público maior. Segundo o empresário, essas mudanças garantiram à indústria dos videogames um crescimento de potenciais usuários que demonstra que, "no fundo, todo o mundo quer jogar".
Outra das questões que Hawkins levantou foi a "conveniência" dos novos jogos on-line, que podem ser acessados em diferentes dispositivos, não exigem downloads e se adaptam à disponibilidade de tempo de "jogadores que antes passavam cem horas com o console e agora são adultos com responsabilidades".
A gratuidade é outro fator a ser considerado no modelo de jogos on-line --afinal, os usuários que optam por não gastar dinheiro também são úteis ao desenvolvedor como porta-vozes que fazem chegar a outras pessoas as virtudes de um título.
Hawkins acredita que nem consoles, nem celulares, nem tablets serão as plataformas dos jogos do futuro. Esta função ficará para os navegadores de internet, que ele considera "as praças do século 21", em que se pode falar com pessoas, informar-se e fazer compras.
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