sábado, 16 de abril de 2011

Indústria cinematográfica demora para se mexer, dizem especialistas

O audiovisual vai bem, quem vai mal é a indústria cinematográfica, que tarda em buscar novos modelos de negócio. Essa é a opinião de especialistas em direitos autorais e representantes do setor ouvidos pela Folha.
A cineasta Anna Muylaert ("É Proibido Fumar" e "Durval Discos") resume a questão.
"Existe um paradoxo: se de um lado está caindo o número de pessoas que vão ao cinema, de outro está aumentando o número de pessoas que veem filme. O audiovisual nunca esteve tão poderoso quanto hoje, e um exemplo disso é o YouTube", analisa a diretora.

"O discurso antipirataria costuma enfatizar repressão em detrimento de estratégias econômicas para algo que é, em essência, um problema econômico", concorda o advogado Pedro Mizukami, pesquisador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV Direito-Rio.
Para Mizukami, a indústria cinematográfica precisa atuar com agilidade. "E atuar com agilidade não significa investir no campo repressivo ou fazer lobby por projetos de lei, mas encontrar modelos de negócios que encarem os piratas não como criminosos e sim como consumidores potenciais", diz.
Até mesmo quem trabalha na linha de frente do combate ao comércio ilegal de produtos culturais admite que os preços elevados dificultam a disseminação das versões oficiais.
É o caso da secretária-executiva do CNCP (Conselho Nacional de Combate à Pirataria), Ana Lúcia Gomes Medina, para quem o setor precisa enxergar um modelo "mais moderno e que traga vantagens reais ao consumidor". Medina destaca a necesssidade de os estúdios diminuírem as chamadas "janelas" [espaço de tempo entre a estréia no cinema e o lançamento em DVD ou Blu-ray].
Procurado pela reportagem para comentar o tema, o Ministério da Cultura respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa, que "o problema da pirataria diz respeito ao Ministério da Justiça". Disse ainda que a pasta tem trabalhado para levar mais salas de cinemas às periferias pelo programa "Cinema Perto de Você".

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