O audiovisual vai bem, quem vai mal é a indústria cinematográfica, que
tarda em buscar novos modelos de negócio. Essa é a opinião de
especialistas em direitos autorais e representantes do setor ouvidos
pela Folha.
A cineasta Anna Muylaert ("É Proibido Fumar" e "Durval Discos") resume a questão.
"Existe um paradoxo: se de um lado está caindo o número de pessoas que
vão ao cinema, de outro está aumentando o número de pessoas que veem
filme. O audiovisual nunca esteve tão poderoso quanto hoje, e um exemplo
disso é o YouTube", analisa a diretora.
"O discurso antipirataria costuma enfatizar repressão em detrimento de
estratégias econômicas para algo que é, em essência, um problema
econômico", concorda o advogado Pedro Mizukami, pesquisador do Centro de
Tecnologia e Sociedade da FGV Direito-Rio.
Para Mizukami, a indústria cinematográfica precisa atuar com agilidade.
"E atuar com agilidade não significa investir no campo repressivo ou
fazer lobby por projetos de lei, mas encontrar modelos de negócios que
encarem os piratas não como criminosos e sim como consumidores
potenciais", diz.
Até mesmo quem trabalha na linha de frente do combate ao comércio ilegal
de produtos culturais admite que os preços elevados dificultam a
disseminação das versões oficiais.
É o caso da secretária-executiva do CNCP (Conselho Nacional de Combate à
Pirataria), Ana Lúcia Gomes Medina, para quem o setor precisa enxergar
um modelo "mais moderno e que traga vantagens reais ao consumidor".
Medina destaca a necesssidade de os estúdios diminuírem as chamadas
"janelas" [espaço de tempo entre a estréia no cinema e o lançamento em
DVD ou Blu-ray].
Procurado pela reportagem para comentar o tema, o Ministério da Cultura
respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa, que "o problema da
pirataria diz respeito ao Ministério da Justiça". Disse ainda que a
pasta tem trabalhado para levar mais salas de cinemas às periferias pelo
programa "Cinema Perto de Você".
Nenhum comentário:
Postar um comentário