No fim de março, Hong Kong recebeu eventos de importância para a
indústria audiovisual: a pré-estreia do erótico "3D Sex and Zen: Extreme
Extasy", primeiro filme da categoria a utilizar a tecnologia 3D; a
Filmart, maior feira de negócios local do setor, e a primeira edição do
Hong Kong International Mobile Film Awards, premiação internacional de
filmes feitos com e para dispositivos móveis.
Curadores dos festivais France Mobile Filme Festival (França), Portable
Film Festival (Austrália), Golden Flower Awards (China), interfilm
Berlim/Going underground (Alemanha), Shoot It (Grécia), Seoul
International Extreme (Coreia), Morocco Mobile Film Festival (Marrocos),
Movil Film Festival (Espanha) e o brasileiro Arte.Mov viajaram com seus
finalistas a convite do evento para compor o júri e competir em apenas
duas categorias, drama e animação.
Contrariando as expectativas dos festivais participantes, em sua maioria
preocupados com as especificidades estéticas e tecnológicas dos filmes
de bolso, a premiação, que aconteceu dentro da Filmart, teve seu foco
nas possibilidades do formato móvel na indústria do entretenimento.
No movimento contrário ao de Park Chan Wook, que levou seu média
metragem Paranmajang, inteiramente filmado com vários iPhone, a
festivais de tela grande, a ideia de "filme móvel" em Hong Kong é a de
filmes feitos para serem distribuídos em dispositivos móveis e não
necessariamente produzidos com eles.
Se de um lado temos a sofisticação da aparelhagem 3D --câmeras e salas
com a tecnologia de projeção-- como recurso para atrair o público para o
cinema, de outro há a realidade da presença massiva de celulares e pads
que concentram as funções de meio de produção e suporte a preços
acessíveis ainda crescendo espontaneamente.
Para o diretor executivo da Hong Kong Wireless Technology Industry
Assciation, Michael Chan, maior responsável pela organização do evento, o
governo de Hong Kong quer investir para que haja uma indústria criativa
na região e testar as possibilidades de penetrar competitivamente o
mercado de filmes móveis da China, onde há muitos usuários de celulares e
um grande potencial de crescimento e consumo.
Já para Rodrigo Minelli, curador e organizador do festival brasileiro
Arte.Mov, houve dificuldade do júri internacional em chegar a um
consenso sobre os critérios de premiação.
Isso porque cada festival se encontra em um momento da discussão sobre
as mídias móveis e cada filme foi feito de um jeito. Competiam de igual
para igual animações 3D criadas com rotoscopia a stop motions que
parecem ter sido montados no Windows Movie Maker e exportados em formato
inadequado.
"Enquanto os jurados da Grécia reclamavam a injustiça de ter vídeos
filmados com celulares e com câmeras de alta resolução na mesma
competição, a posição da Espanha era de que existe uma correspondência
simples e direta entre filmes móveis e filmes feito para a web em geral.
Já nós, do Arte.Mov, discordamos de ambos. Não importa que câmera foi
usada porque os celulares hoje já filmam em alta resolução, mas sim como
o vídeo ou a obra de arte lida com o potencial da mobilidade, como a
interatividade e a geolocalização. Aqui em Hong Kong a discussão tem
pouco a ver com arte ou mesmo com a telefonia. O olhar aqui é o da
indústria de entretenimento", diz.
O curitibano João Krefer, vencedor da regional sul do Arte.Mov 2010, foi
premiado como segundo melhor drama com o vídeo poesia "July", filmado
em baixa resolução com um celular e manipulado com softwares de pós
produção.
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