domingo, 3 de abril de 2011

Festival em Hong Kong discute produção audiovisual para celular

No fim de março, Hong Kong recebeu eventos de importância para a indústria audiovisual: a pré-estreia do erótico "3D Sex and Zen: Extreme Extasy", primeiro filme da categoria a utilizar a tecnologia 3D; a Filmart, maior feira de negócios local do setor, e a primeira edição do Hong Kong International Mobile Film Awards, premiação internacional de filmes feitos com e para dispositivos móveis.
Curadores dos festivais France Mobile Filme Festival (França), Portable Film Festival (Austrália), Golden Flower Awards (China), interfilm Berlim/Going underground (Alemanha), Shoot It (Grécia), Seoul International Extreme (Coreia), Morocco Mobile Film Festival (Marrocos), Movil Film Festival (Espanha) e o brasileiro Arte.Mov viajaram com seus finalistas a convite do evento para compor o júri e competir em apenas duas categorias, drama e animação.

Contrariando as expectativas dos festivais participantes, em sua maioria preocupados com as especificidades estéticas e tecnológicas dos filmes de bolso, a premiação, que aconteceu dentro da Filmart, teve seu foco nas possibilidades do formato móvel na indústria do entretenimento.
No movimento contrário ao de Park Chan Wook, que levou seu média metragem Paranmajang, inteiramente filmado com vários iPhone, a festivais de tela grande, a ideia de "filme móvel" em Hong Kong é a de filmes feitos para serem distribuídos em dispositivos móveis e não necessariamente produzidos com eles.
Se de um lado temos a sofisticação da aparelhagem 3D --câmeras e salas com a tecnologia de projeção-- como recurso para atrair o público para o cinema, de outro há a realidade da presença massiva de celulares e pads que concentram as funções de meio de produção e suporte a preços acessíveis ainda crescendo espontaneamente.
Para o diretor executivo da Hong Kong Wireless Technology Industry Assciation, Michael Chan, maior responsável pela organização do evento, o governo de Hong Kong quer investir para que haja uma indústria criativa na região e testar as possibilidades de penetrar competitivamente o mercado de filmes móveis da China, onde há muitos usuários de celulares e um grande potencial de crescimento e consumo.
Já para Rodrigo Minelli, curador e organizador do festival brasileiro Arte.Mov, houve dificuldade do júri internacional em chegar a um consenso sobre os critérios de premiação.
Isso porque cada festival se encontra em um momento da discussão sobre as mídias móveis e cada filme foi feito de um jeito. Competiam de igual para igual animações 3D criadas com rotoscopia a stop motions que parecem ter sido montados no Windows Movie Maker e exportados em formato inadequado.
"Enquanto os jurados da Grécia reclamavam a injustiça de ter vídeos filmados com celulares e com câmeras de alta resolução na mesma competição, a posição da Espanha era de que existe uma correspondência simples e direta entre filmes móveis e filmes feito para a web em geral. Já nós, do Arte.Mov, discordamos de ambos. Não importa que câmera foi usada porque os celulares hoje já filmam em alta resolução, mas sim como o vídeo ou a obra de arte lida com o potencial da mobilidade, como a interatividade e a geolocalização. Aqui em Hong Kong a discussão tem pouco a ver com arte ou mesmo com a telefonia. O olhar aqui é o da indústria de entretenimento", diz.
O curitibano João Krefer, vencedor da regional sul do Arte.Mov 2010, foi premiado como segundo melhor drama com o vídeo poesia "July", filmado em baixa resolução com um celular e manipulado com softwares de pós produção.

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