O grafite se afirmou como arte e conquistou até mesmo museus. E há duas
semanas, ganhou também o mundo virtual com uma galeria no Street View,
ferramenta do site de buscas Google que mostra, em três dimensões, ruas
do mundo.
No site streetartview.com já é
possível ver 631 obras de grafiteiros brasileiros, como Osgemeos, e
cerca de 4.000 no mundo todo, entre elas trabalhos de Banksy e Keith
Haring, artistas que são referência na área.
Quando publicado, o site tinha apenas 50 obras catalogadas. Outros cerca
de 3.500 grafites foram inseridos por colaboradores anônimos, de forma
"viral", diz Guga Ketzer, diretor de arte da agência de publicidade
brasileira Loducca, que criou o mapa colaborativo para a marca de
bebidas energéticas Red Bull.
Para Cristiano Rodrigues, 26, grafiteiro do grupo Opni, que tem como
base São Mateus, na zona leste, essa nova forma de ver arte de rua pode
ser interessante para quem quer conhecer, por exemplo, os trabalhos
feitos na Alemanha -sem ter necessariamente que ir ao país europeu.
Também é melhor, diz Cristiano, do que ver apenas as fotos pela
internet, porque torna possível "conhecer os arredores do grafite, o que
complementa o trabalho".
Ele, que pretende colocar as obras do grupo na galeria, acredita que há quem possa se sentir incomodado.
"Muitos artistas não querem ser publicados, querem fazer só na rua.
Também há trabalhos experimentais que faço, por exemplo, que eu não
gostaria que fossem para o mundo todo", afirma.
Binho Ribeiro, 39, curador da mostra Grafite Fine Art, que está sendo
montada no Mube (Museu Brasileiro da Escultura), vê no site uma "maneira
de fazer o trabalho ir mais longe", mas também diz que quem foge da
"hyperexposição" pode não gostar.
"A arte tá na rua, pode fazer o que quiser, desde que não seja comercial", opina Rafael Sliks, 29, que grafita há 15 anos.
Ele colocou um trabalho próprio no Street View e conta que se
surpreendeu, de forma positiva, por encontrar outros grafites seus
apontados na ferramenta.
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