terça-feira, 1 de março de 2011

Presidente da Cebit rechaça "aparelho salvador"

Para o chefe da maior feira de tecnologia do mundo, ainda é cedo para pensarmos em um produto que funcione em todos os momentos de nossas vidas digitais.
"Cada um serve bem a seu propósito, mas nenhum [aparelho] tem dentro de si a solução ideal para todas as tarefas", afirma Ernst Raue, diretor da Deutsche Messe, responsável pela Cebit.
Cerca de 7.000 internautas responderam à mesma pergunta ("Qual será a nossa principal porta de entrada para a vida digital?") em uma enquete realizada pela Folha.com --e a disputa se mostrou acirrada.
Os itens mais votados foram notebooks e netbooks (32%), seguidos por tablets (27%) e smartphones (23%). Por último, ficaram as TVs (10%) e os computadores desktop (7%).
Na entrevista abaixo, o executivo alemão fala ainda sobre uma possível bolha no mercado de tecnologia e dá dicas para quem sonha em ser o próximo Mark Zuckerberg.
*
Folha - Qual será a plataforma principal de nossas vidas digitais daqui para frente?
Ernst Raue - Todos os dispositivos --TVs, smartphones, note e netbooks, tablets e computadores desktop-- terão seus respectivos lugares em algum momento de nossos dias. Cada um serve bem a seu propósito e é mais adequado para determinado uso do que os outros, mas nenhum tem dentro de si a solução ideal para todas as tarefas.
Por exemplo: você prefere assistir a um filme na sua TV de LCD ou em um smartphone? Ou: sim, você pode fazer ligações telefônicas do seu computador desktop e do seu notebook, o problema é que eles não cabem no seu bolso.

Mas esse aparelho ideal, aquele que vai funcionar para qualquer tarefa e em qualquer lugar, ainda vai ser criado?
Cada pessoa tem sua própria opinião a respeito do que seria este fator "ideal". Já podemos navegar na web, mandar e-mails, fazer ligações telefônica e assistir vídeos em um único dispositivo. A questão é: como faremos essas coisas no futuro? Pensar nessas inovações é que faz essa indústria tão fascinante.
Temos visto o crescimento rápido e pungente de várias empresas de internet, como o Facebook. A criação e o investimento em companhias novatas, as chamadas "start-ups", também está bastante aquecido. Há risco de uma nova bolha ponto com, como a de 2000?
Há sempre esse risco, mas hoje os investidores estão mais bem informados --inclusive por conta da bolha ponto com- e são, portanto, muito mais relutantes na hora de financiar uma "start-up" simplesmente porque alguém diz se está diante da "próxima grande novidade". Já percebemos que ainda há uma clara diferença entre número de usuários, assinantes e lucro.
Esta relação desigual entre "número de usuários" e "lucro" lembra o dilema enfrentado hoje pelo Twitter.
O Twitter tem mais de 175 milhões de usuários e já se estabeleceu entre as ferramentas de comunicação. Portanto, sim, eu penso que eles vão conseguir se tornar lucrativos.
Que tipo de conselho você daria a jovens empreendedores que buscam entrar no mercado de tecnologia?
Fazer "networking" [contatos profissionais] é muito importante para os empresários de todas as idades. Então, os recém-chegados [ao mercado] devem aproveitar oportunidades para conhecer o máximo de "pares" quanto for possível. De resto, sejam criativos. Não tenho medo de falhar e de aprender com suas falhas.

Nenhum comentário: