Duas semanas depois da estreia decepcionante do Facebook na Bolsa de
Valores, quando a rede social se viu pressionada a provar aos
investidores que pode ser mais rentável, brasileiros passaram a reclamar
de anúncios que consideram invasivos.
'Por diversas vezes tive a infeliz surpresa de me deparar com um
comentário do Luciano Huck ou do Marcelo Tas na minha linha do tempo',
diz Leonardo Aragão, usuário da rede social.
'Mesmo sem curti-los no Facebook, eles estão lá, com seus comentários
que não condizem com o que eu pense, goste ou queria me interessar",
completa Aragão, que publicou carta no site Reclame Aqui, que reúne
queixas de consumidores.
Cerca de 2.000 pessoas curtiram a carta de Aragão na rede social, que,
no Brasil, tem publicado propagandas de empresas e famosos nas páginas
dos usuários e irritado alguns internautas, que não gostam do fato de os
anúncios aparecerem no mesmo formato que os comentários feitos pelos
amigos que escolheram seguir.
A rede informa, por meio da assessoria de imprensa, que os posts de
anunciantes só aparecem para quem tem um amigo que já curtiu aquela
empresa. A prática começou no dia 9 de maio.
"Para ajudar as pessoas a encontrar novas páginas, eventos e informações
de interesse as pessoas podem agora ver posts de uma página que um dos
seus amigos curtir [...]. Assim como ocorre com todas as atualizações,
as pessoas podem optar por esconder esses posts se não os acharem
interessantes."
Desde 26 de abril, o Facebook também insere na linha dos tempo dos
internautas sugestões de artigos populares de sites de notícia, que
segundo a empresa não pagam para exibir o conteúdo na linha do tempo dos
internautas. Outra novidade é a indicação de vídeos da rede Socialcam.
Nos EUA, a prática é mais antiga que no Brasil. Empresas pagam por posts
patrocinados na rede. Quando alguém curte essa peças publicitárias
dispara automaticamente outros anúncios, que vão para os amigos de quem
curtiu. Se um usuário faz comentários positivos sobre o anúncio, as
próprias mensagens dos internautas passam a ser usadas como propaganda e
distribuídas.
No momento em que uma pessoa aceita os termos de uso do Facebook,
concorda que o nome e a imagem do perfil sejam usados em conteúdo
comercial. Nas configurações de privacidade, é possível limitar esse
uso.
O Facebook é a maior rede social no Brasil e o país é uma das principais
apostas para o crescimento da empresa. Segundo a consultoria comScore,
em dezembro do ano passado a reda atraía 36,1 milhões de brasileiros
--aumento de 192% ante o ano anterior.
Jefrey Chester, do Centro para a Democracia Digital, em Washignton, diz
que a tendência é que os anúncios do Facebook fiquem cada vez mais
agressivos.
"O Facebook usará o dinheirodo IPO para expandir a coleta de dados dos
usuários, criando novas preocupações em relação à proteção do consumidor
e ao direito de privacidade. Os maiores beneficiários do Facebook serão
as marcas globais, que se juntarão à rede para influenciar e mirar seus
consumidores pelo mundo."
ESTREIAS ATRASADAS
A estreia fraca do Facebook na Bolsa desencorajou outras empresas a
vender ações. Ao menos 13 empresas adiaram a decisão de se lançar no
mercado. Entre elas estão a Kayak Software Corp. e a rede VKontakte.
Analistas apontam, entretanto, que a volatilidade do mercado também
motiva as empresas a atrasarem o IPO (oferta pública de ações).
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