quinta-feira, 21 de junho de 2012

'Fazer dinheiro nunca foi objetivo de Jobs ou Gates', diz ex-presidente da Apple


John Sculley, ex-presidente-executivo da Apple, disse que Steve Jobs e Bill Gates lhe falavam com frequência sobre possíveis inovações tecnológicas, mas nunca sobre formas de enriquecer.
"Em nenhuma das muitas conversas que tive com os dois eles falaram sobre como fazer dinheiro. A consequência podia ser fazer dinheiro, mas nunca o objetivo."
John Sculley, antigo presidente-executivo da Apple, que travou batalha com Steve Jobs dentro da empresa
Sculley deu palestra no evento Info@trends nesta quinta-feira (21), em São Paulo, sobre o tema "Como grandes ideias surgem nas empresas".
Para lançar o Macintosh, em 1984, Steve Jobs não quis fazer pesquisa de mercado, segundo Sculley. Jobs dizia: "Como posso perguntar a consumidores como um computador deve ser se eles nunca viram algo parecido antes?"
Especialista em publicidade, Sculley disse que não lidava muito com tecnologia antes de 1983, quando foi convidado por Jobs para assumir o comando da Apple. O convite surgiu por conta da muito bem-sucedida estratégia de marketing que Sculley idealizou para a Pepsi na década de 1970. "Não sabia nada sobre computadores. Experiência de consumidor era minha especialidade."
No começo de 1984, durante a final do Super Bowl (evento de futebol americano mais popular do mundo), uma propaganda inspirada no livro "1984", de George Orwell, foi veiculada na TV americana. "Em 24 de janeiro, a Apple vai lançar o Macintosh, e 1984 não será como em '1984'", dizia a campanha.
"Era a primeira propaganda de um dispositivo tecnológico que não falava sobre tecnologia", afirmou Sculley.
Segundo ele, grandes inovadores têm em comum a "curiosidade insaciável" e a "paixão por mudar o mundo". Ele disse que fracassar não é um problema e listou em um dos slides de sua palestra os fracassos de Steve Jobs: o Apple 3, o Lisa, o Macintosh 1985, o Mac Office 1985, o Next Cube 1.0 e o Power Mac G4 Cube.
Novos empreendedores do ramo de tecnologia, de acordo com Sculley, foram muito favorecidos pela computação em nuvem, por não precisarem de servidores próprios. "Antes, eram necessários milhões de dólares. Hoje um estudante com um computador pode criar uma empresa."
Para Sculley, não é imprescindível que os grandes inovadores de hoje do ramo tenham muito conhecimento de tecnologia, como era o caso anos atrás. "Os atuais empreendedores não precisam ser engenheiros. A engenharia já está toda feita", afirmou.

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