terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Jovem que fez Siri entender português começou a programar aos 8 anos

Pedro Franceschi, jovem de 15 anos, combinou o software Dragon Dictation, que transcreve falas e entende o português, com o Siri, assistente pessoal comandado por voz do iPhone 4S, disponível somente em inglês, francês e alemão.
Depois da ajuda de amigos e algoritmos rabiscados na janela de vidro do quarto, o resultado do trabalho de Pedro foi um Siri que entende português. Pedro interceptou o tráfego dos servidores do Siri e o direcionou para o próprio computador, onde destrinchou e recombinou códigos até conseguir a façanha.
Tela do Siri, assistente pessoal do iPhone 4S, traduzido para o português
 A função ainda não está disponível para pessoas interessadas, o que deve acontecer somente quando o jailbreak (desbloqueio que permite a instalação de programas não oficiais e a habilitação de outras funções) do iPhone 4S sair, segundo Pedro. Ele ainda espera combinar o resultado do trabalho com o Google Maps, para tornar o uso do Siri mais eficaz no Brasil.
Pedro está no primeiro ano do ensino médio e pretende um dia, claro, cursar engenharia da computação no Rio de Janeiro, onde mora. Veja abaixo conversa que o jovem teve com a Folha:
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Folha - De onde saiu a ideia de fazer o Siri entender português?
Pedro Franceschi - A Apple sempre lança os aparelhos e serviços em inglês e se esquece do Brasil. Por isso, pensei na possibilidade de traduzir o áudio para o português e, com a ajuda de amigos, acabei achando uma forma de fazer isso. Também sou usuário de iPhone e queria usar o programa em português.
Alem da língua, outro problema do uso do Siri no Brasil é o banco de dados usado para encontrar lugares, que é focado nos EUA e na Europa. Isso não prejudica o uso, mesmo que a ferramenta entenda português?
Quando sair o jailbreak do iPhone 4S, pretendo criar um aplicativo e combiná-lo com a API [especificação usada para programação de software] do Google Maps, para que a busca possa ser feita também em pontos do Brasil.
Quando você começou a programar?
Com uns 8 ou 9 anos. Aprendi na internet mesmo, fazendo pesquisas no Google. Comecei com C++ e depois comecei a aprender outras linguagens.
Janela do quarto de Pedro Franceschi, com os cálculos usados para chegar à tradução do Siri
 Além da modificação do Siri, você criou outras ferramentas para aparelhos da Apple, como um aplicativo que ajuda a instalar o Linux em equipamentos com iOS. Por que o interesse específico na Apple?
Meu pai trabalhava com fotografia, então sempre tinha aparelhos da Apple à mão para mexer com esse material. Acabei gostando da beleza e da usabilidade dos aparelhos da Apple. Não pretendo programar para Android, por exemplo. Não tenho vontade nenhuma. O trabalho é maior e existem outras dificuldades de desenvolvimento. Dá pra fazer coisas muito melhores e mais rápidas para [sistemas da] Apple.
Você trabalha com o quê?
Com programação, numa empresa que faz aplicativos para celulares. Pretendo seguir na área e me formar em engenharia da computação aqui no Rio.
Você programa, trabalha e estuda. O que faz quando não está envolvido com nenhuma dessas três coisas?
É basicamente isso. Eu estudo, trabalho e programo. Basicamente todo o meu tempo livre é usado para programar.

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