Os homens vivem confortavelmente em São Petersburgo --e já fizeram viagens de diversão a lugares como Monte Carlo, Bali e, no começo deste mês, a Turquia, de acordo com fotografias postadas em sites de redes sociais --ainda que suas identidades há anos sejam conhecidas pelo Facebook, investigadores de segurança da computação e policiais.
Um membro do grupo, conhecido popularmente como quadrilha Koobface, transmite regularmente a localização de seus escritórios via Foursquare, um serviço de redes sociais que opera com base na localização de seus usuários, e posta notícias no Twitter. Fotos veiculadas no Foursquare também mostram outros suspeitos de pertencer ao grupo trabalhando em computadores Macintosh, em um lugar com cara de loft, parecido com os escritórios de muitas empresas iniciantes de tecnologia em todo o mundo.
Foto do escritório da quadrilha Koobface é publicada na rede social Foursquare |
A companhia de segurança na computação Kaspersky Labs estimou que a rede fosse formada por entre 400 mil e 800 mil computadores em todo o mundo, em seu momento de pico, em 2010. As vítimas muitas vezes não sabem que suas máquinas foram comprometidas.
A liberdade dos integrantes da quadrilha Koobface sublinha até que ponto é difícil prender criminosos internacionais da computação, mesmo que suas identidades sejam conhecidas. Os grupos tendem a operar em países nos quais as autoridades locais não os incomodem, e que tenham cooperação precária com as agências policiais norte-americanas e europeias. Enquanto isso, as polícias do Ocidente estão sofrendo com o excesso de crimes de computação e falta de recursos e pessoal capacitado para enfrentá-lo efetivamente, especialmente quando as provas que conectam os responsáveis aos delitos precisam ser recolhidas no exterior.
Na terça-feira, o Facebook planeja anunciar que começará a divulgar informações sobre o grupo e como enfrentá-lo a pesquisadores de segurança e outras companhias de internet. A empresa acredita que revelar em público as identidades dos criminosos pode dificultar a operação desses grupos e enviar uma mensagem ao submundo do crime.
Nenhum dos homens foi acusado formalmente de crimes e nenhuma agência policial confirmou oficialmente que eles estejam sob investigação.
Os investigadores revelam que o grupo adotou como brincadeira o nome "Ali Baba & 4", e é formado por Anton Korotchenko, que usa o apelido online "KrotReal"; Stanislav Avdeyko, conhecido como "leDed"; Svyatoslav Polichuck, ou "PsViat"; e "PsycoMan"; Roman Koturbach, cuja alcunha online é "PoMuc", e Alexander Koltysehv, ou "Floppy".
Os esforços para contar os integrantes do grupo para que comentassem foram infrutíferos.
Semanas depois que as primeiras versões do worm Koobface começaram a aparecer no Facebook, investigadores da companhia traçaram a origem dos ataques. "Temos na nossa parede a foto de um deles, usando uma máscara de mergulho, desde 2008", disse Ryan McGeehan, gerente de investigações e resposta de segurança no Facebook.
Desde então, o Facebook e diversos pesquisadores independentes de segurança ofereceram a agências policiais, entre as quais o Serviço Federal de Investigações (FBI) norte-americano, provas e informações. Ian Drömer, 32, um pesquisador de segurança alemão independente, ofereceu pistas e informações importantes, entre as quais um panorama aberto do sistema de controle e comando do Koobface, conhecido como "nave-mãe". Drömer dedicou suas noites e finais de semana durante quatro meses, em 2009 e 2010, a desmascarar os membros da quadrilha, utilizando apenas informações publicamente disponíveis na Internet.
O FBI preferiu não comentar.
O crime de computação compensa, e deixa poucos internautas e empresas incólumes. O custo para os consumidores é estimado em US$ 14 bilhões anuais em todo o mundo, de acordo com estudo publicado em setembro de 2011 pela produtora de software de segurança Symantec.
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