O crescente uso da internet para entrar em contato com menores e depois
abusar sexualmente deles é um dos assuntos principais em debate nesta
semana em Viena pela Comissão da Organização das Nações Unidas para a
Prevenção do Crime e de Justiça Penal.
"A internet abriu uma porta para milhões de lares e as crianças podem
estar deixando entrar criminosos, frequentemente diante dos narizes dos
pais", advertiu nesta segunda-feira Yuri Fedotov, diretor do Escritório
das Nações Unidas contra a Droga e o Delito (UNODC), na primeira jornada
desta comissão.
O diplomata russo indicou que o crime eletrônico será um dos temas mais
importantes a serem tratados pela comissão, em particular seu impacto
nas crianças.
"Os criminosos usam chats online e páginas de jogos para atrair crianças
para a exploração sexual" alertou o responsável da UNODC.
VULNERABILIDADE
Em comunicado, a organização destacou que "as crianças são
particularmente vulneráveis em um ambiente online e o contato com os
criminosos pode ter objetivo no abuso sexual".
Embora reconhecesse que não se dispõem de dados estatísticos sobre este
delito, Fedotov assinalou que é "um negócio gigante, que envolve mais e
mais crianças".
Fedotov se referiu aos problemas das autoridades para enfrentar as
atividades destes delinquentes, devido a que é um fenômeno global e tem
lugar no ciberespaço, o que dificulta a recopilação de provas.
Além disso, afirmou que em muitos casos as próprias famílias são
reticentes a denunciar às autoridades que seus filhos estiveram em
contato com este tipo de delinquentes.
NOVAS LEGISLAÇÕES
"Estamos jogando gato e rato no ciberespaço. Os empresários do crime são
ágeis, oportunistas e com interesses econômicos", ressaltou.
Por isso, Fedotov pediu aos países que avaliem e reformem suas
legislações para "adaptá-las às novas tecnologias e à era das
comunicações".
"É uma necessidade real. Trabalhar em leis que salvem as crianças de
hoje da influência dos criminosos", argumentou em entrevista coletiva.
Fedotov mostrou sua esperança que a comissão, que encerra o evento no
dia 15, seja capaz de tomar decisões que "ajudem a comunidade
internacional a atender e solucionar este tema", incluindo ações da
indústria das comunicações, a sociedade civil, as instituições
educativas e os meios de comunicação.
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