Compromisso anunciado no Twitter e cerimônia transmitida pela primeira
vez ao vivo pela internet: o casamento do príncipe William com Kate
Middleton confirma o "amor" do palácio de Buckingham pela tecnologia
digital.
No dia 29 de abril, William e Kate vão se tornar o 16º casal de
príncipes a se casar na Abadia de Westminster de Londres. Mas será a
primeira vez em que o acontecimento será transmitido ao vivo na rede, o
que pode resultar em uma audiência impressionante. O governo britânico
estima que 2 bilhões de pessoas acompanharão o evento pela TV em todo o
mundo.
Um CD com a trilha sonora de cerimônia em formato digital será vendido
quase simultaneamente no iTunes. Além disso, dez dias antes será lançado
o primeiro aplicativo "real" para smartphones.
O palácio de Buckingham, residência oficial da rainha Elizabeth 2ª,
compreendeu os benefícios das novas tecnologias. O casamento foi
anunciado em novembro em um comunicado da imprensa da forma mais
tradicional, mas também na rede de microblogs Twitter.
A página da Clarence House (@ClarenceHouse), a residência londrina do
príncipe Charles e de seus filhos William e Harry, divulga regularmente
informações sobre o casamento aos seus 28 mil seguidores.
Elizabeth 2ª é apresentada frequentemente pelos serviços reais como uma
pioneira da internet: tem um Blackberry e um iPod e foi a primeira
monarca a enviar um e-mail, em 1976, quando a internet dava seus
primeiros passos.
O palácio tem sua própria página no site de vídeos YouTube, chamado de
"Royal Channel" (www.youtube.com/user/TheRoyalChannel), na rede social
Facebook (www.facebook.com/TheBritishMonarchy) e no site para
compartilhamento de fotos FLickr
(www.flickr.com/photos/britishmonarchy).
A página real no Facebook tem mais de 320 mil "Curtir". No entanto, não
alcança os números de outras monarquias. A rainha Rania da Jordânia tem
600 mil seguidores no Facebook e outros 500 mil no Twitter.
"Utilizando as redes sociais, podemos nos comunicar com um público mais
amplo de uma maneira nova e criativa", explicou à AFP Nick Loughran,
responsável de imprensa do príncipe William.
CRISE ECONÔMICA
Para Tim Jordan, especialista em meios de comunicação no King's College
de Londres, as novas tecnologias permitirão sobretudo à monarquia,
financiada pelos contribuintes, justificar sua existência nestes tempos
de austeridade econômica.
"Utilizam Facebook e Twitter para mostrar quanto trabalho fazem, em
particular os membros menos importantes da família real que não recebem
tanta atenção na imprensa tradicional. Ajuda a justificar sua posição",
explicou à France Presse.
As redes também permitem à realeza estar mais perto de uma população da
qual frequentemente parece distante, afirma Charlie Beckett, diretor do
centro de reflexão sobre a imprensa Polis.
O episódio trágico de 1997 demonstrou isso grosseiramente. A rainha
rejeitou, em um primeiro momento, expressar sua tristeza em público após
a morte de Diana, enquanto o país inteiro chorava desconsolado.
A opinião "oscilava para o lado republicano", lembrou Beckett. "A
família real não quer voltar a ser percebida jamais como tão
desconectada", ressaltou.
Mas os tradicionalistas podem se tranquilizar: a revolução tecnológica
não vai se apoderar do palácio por enquanto. As mensagens lembrando as
outras casas reais europeias do casamento foram enviadas, no mais puro
estilo do final do século passado --via fax.
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