A empresa taiwanesa Foxconn investirá US$ 12 bilhões no Brasil nos
próximos cinco anos para produzir displays (telas), informou nesta
terça-feira a presidente Dilma Rousseff.
A empresa, que já tem cinco fábricas no país, também anunciou que montará iPads em território brasileiro a partir de novembro.
A presidente Dilma chegou ontem em Pequim, para uma visita oficial de cinco dias à China.
O projeto da Foxconn envolve a contratação de 100 mil funcionários, do
quais 20 mil serão engenheiros, explicou o ministro da Ciência e
Tecnologia, Aloizio Mercadante, que vem negociando com a empresa há três
meses. Há planos ainda para a construção de uma "cidade inteligente"
para instalar a fábrica e os funcionários da empresa, fornecedora de
empresas como Apple, Nokia e BMW, entre várias outras.
Mercadante disse que, se concretizado, será o investimento estrangeiro que mais terá gerado empregos na história do país.
O investimento foi anunciado pelo presidente e fundador da Hon Hai
(controladora da Foxconn), o taiwanês Terry Gou, durante reunião com
Dilma. O encontro deveria ter ocorrido semanas atrás no Brasil, mas
acabou adiado devido ao terremoto japonês, que afetou a cadeia de
produção da empresa.
A Foxconn é uma das maioras fabricantes de componentes eletrônicos do
mundo. Em 2009, seu faturamento chegou a US$ 61,5 bilhões. Apenas no sul
da China, tem cerca de 400 mil funcionários.
A CAMINHO
Segundo a Folha informou no sábado, a Apple já enviou ao país os primeiros lotes de componentes para montagem local do iPad.
Um carregamento com componentes já está a caminho do Brasil em
contêineres embarcados a partir da Ásia, que hoje concentra a fabricação
dos produtos Apple. A previsão de chegada é de até dois meses.
Estudo da Apple no país mostra que há demanda por ao menos 5.000 iPads
mensais. Se combinadas com incentivos, até questões sensíveis, como mão
de obra --4,5 vezes mais cara que na China--, são resolvidas.
CENTRO DE PESQUISA
Ontem, o presidente da empresa de telecomunicações da Huawei, Ren
Zhengfei, informou que a empresa quer abrir um centro de pesquisa e
desenvolvimento de até US$ 350 milhões na região de Campinas (SP).
"Ele disse para a presidenta com muita firmeza que a operação deles no
Brasil vai se expandir e que o próximo passo é um centro de pesquisa e
desenvolvimento", disse o ministro do Desenvolvimento, Fernando
Pimentel.
Hoje a chinesa ZTE, empresa de telecomunicações, informou em nota que
oficializou uma parceria com a prefeitura de Hortolândia (SP), cidade da
região de Campinas, para a construção de um polo de produção industrial
na cidade. O acordo foi assinado pelo prefeito de Hortolândia, Ângelo
Perugini, em Pequim.
Dilma inaugurou hoje, na capital chinesa, o Diálogo de Alto Nível Brasil-China sobre Ciência, Tecnologia e Inovação.
Diplomatas brasileiros disseram à agência Efe que ciência, tecnologia e
inovação são elementos fundamentais para o desenvolvimento, a criação de
empregos e a busca de oportunidades, e que Pequim reconheceu em seu
Plano Quinquenal a necessidade de mudar o modelo de crescimento, inovar e
produzir qualidade para seu mercado interno e exportação.
OUTROS ACORDOS
Também ontem, a China autorizou três dos 13 frigoríficos brasileiros inspecionados a exportar carne suína para o país.
"Um começo. Esperava-se mais", afirmou à Folha o presidente da
Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne
Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, que viajou a Pequim.
Apesar do atual veto à importação de carne suína brasileira, o produto
acaba chegando ao consumidor chinês via Hong Kong, para onde é exportado
legalmente e em seguido contrabandeada por comerciantes chineses.
A China já é o maior parceiro comercial do Brasil e grande investidor no
país sul-americano (US$ 30 bilhões em 2010), principalmente em
minerais, petróleo, soja e telecomunicações.
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