Está previsto para esta quarta-feira (2) o lançamento do "The Daily",
primeiro jornal exclusivo para iPad. O diário é a mais nova aposta da
News Corp, conglomerado midiático internacional que inclui canais de TV,
jornais e serviços de internet.
O anúncio está programado para acontecer em Nova York, no museu
Guggenheim, e contará com as presenças de Eddy Cue, vice-presidente de
serviços de internet da Apple, e Rupert Murdoch, fundador e
executivo-chefe da News Corp.
Os primeiros relatos de quem já teve contato com o "The Daily" dizem que
ele tem ares de uma publicação física, com textos escritos divididos em
seis sessões fixas. Mas, em certos momentos, faz uso de gráficos e
elementos interativos. Peter Kafka, do site All Things Digital, diz que o
jornal é "tradicional e inovador ao mesmo tempo".
O contato do diário com a internet deverá ser quase inexistente. Ele
será entregue aos assinantes todas as manhãs e ganhará atualizações
mínimas durante o dia.
Compartilhar reportagens em redes sociais não será possível. E o site
trará gratuitamente cerca de dez histórias presentes na publicação do
dia.
Em suas primeiras duas semanas, o "The Daily" estará disponível sem
custo para os leitores. Depois desse período, a a assinatura semanal
será de US$ 0,99.
E ele também chega ao mundo com uma missão: provar que os aplicativos
para o tablet da Apple são uma plataforma de vendas rentável.
Dados recentes mostram que, quando consideradas somente as vendas que
ocorrem dentro dos aplicativos, a prancheta eletrônica decepciona.
O comércio de bens virtuais (como fases e objetos de jogos, acesso a
serviços exclusivos e, claro, revistas e jornais) rende menos, por
exemplo, do que no iPhone.
Em relatório, a consultoria Distimo mostrou que, em dezembro de 2010, as
compras dentro de aplicativos do iPad corresponderam a 29% da receita
total gerada pelos programas instalados no tablet. No iPhone, esse
número é de 49%. Ou seja, as pessoas gastam dentro dos aplicativos do
telefone quase a mesma quantia que para baixá-los.
Embora o número de iPhones já vendidos no mundo supere o do iPad e os
aplicativos para o telefone sejam mais baratos, o dado chama atenção
porque o tablet, com sua tela maior, seria uma plataforma mais
confortável para jogos e leitura --duas das categorias que se beneficiam
com as vendas dentro de aplicativos.
As publicações, que apostam no aparelho como a chave da salvação, têm
ainda mais com o que se preocupar. Segundo o Audit Bureau of
Circulations, instituição que faz auditoria em jornais e revistas dos
EUA, as vendas de revistas no iPad estão em queda.
Em junho do ano passado, por exemplo, a "Wired" (cuja edição para iPad
serviu de inspiração para várias publicações) vendeu 100 mil exemplares
virtuais. Em novembro, esse número foi de 23 mil. Também registraram
queda a "Vanity Fair", a "Glamour " e a "GQ".
Algumas revistas, como "Esquire", "People" e "New Yorker", preferiram não revelar seus números.
Os altos preços (bem próximos aos dos exemplares físicos) e a falta de
um modelo de assinatura são apontados como motivos para as quedas. A
assinatura do "The Daily" vai ser a primeira do tipo do iPad.
O valor é mais baixo do que a de qualquer jornal físico americano, mas
surge aí um outro problema. A Research2Guidance estima que um item em
aplicativo que custa o equivalente a R$ 2,11 precisaria ser vendido 100
mil vezes para render R$ 106.654 a quem o publica. Não tem jeito de
salvação.
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