A já tradicional reunião de acionistas da Apple, que ocorre anualmente,
deve trazer à tona a discussão sobre a futura liderança da companhia,
após o afastamento de Steve Jobs em janeiro.
De acordo com o jornal britânico "The Telegraph", a saúde do cofundador
da Apple é um assunto delicado para a empresa, uma vez que se credita a
ele a ascensão da companhia na última década.
O diário econômico norte-americano "The Wall Street Journal" informou
que os investidores deverão votar "uma política planejada de sucessão",
que "identificaria e desenvolveria candidatos internos" --o que
incluiria planos de emergência cuja revisão seria anual.
No dia 8 de fevereiro, Jobs foi visto saindo
de uma clínica para tratamento de câncer nos Estados Unidos. Tabloides
chegaram a especular que ele teria apenas mais seis semanas de vida.
Em janeiro, ele tirou licença médica para tratar de problemas de saúde
não-especificados (leia mais sobre o histórico clínico de Jobs abaixo).
Agora, Jobs, 55, estaria recebendo atendimento médico para o câncer no
Stanford Cancer Center, em Palo Alto, na Califórnia --trata-se da mesma
clínica onde o ator Patrick Swayze recebeu quimioterapia, a fim de curar
um câncer pancreático que o vitimou no ano passado.
Citando o tabloide "The National Enquirer", diversos veículos afirmaram
que Jobs poderia ter apenas mais seis semanas de vida, segundo os
médicos.
O mesmo tabloide teria publicado imagens do executivo --tiradas no dia 8
de fevereiro diante da clínica, com um Jobs aparentando fraqueza e dor.
IDAS E VINDAS
Em 17 de janeiro, Jobs pediu a segunda licença médica da companhia. Mas, de acordo com a Apple, ele permaneceria envolvido com as "decisões estratégicas maiores" da companhia.
Jobs já se manteve afastado da companhia dois anos antes, quando recebeu
um transplante de fígado --em 2004, Jobs teve um diagnóstico de um
câncer raro no pâncreas.
"Tenho grande confiança de que Tim e os demais administradores
executivos da equipe farão um magnífico trabalho fazendo os planos
empolgantes que nós temos para 2011", disse Jobs, à época, em carta aos
funcionários.
"Amo a Apple tanto e espero voltar assim que eu puder. Nesse tempo,
minha família e eu apreciaríamos profundamente o respeito pela nossa
privacidade.
Em 2004, Steve Jobs descobriu que sofria de um tipo raro de câncer no
pâncreas. O tumor foi retirado após uma cirurgia considerada
bem-sucedida, mas a informação sobre o assunto só foi divulgada quando
ele já estava em tratamento.
Já em janeiro de 2009, o executivo anunciou que tiraria uma licença para
descansar até o final de junho, a fim de se recuperar de uma doença que
o tinha feito perder muito peso. Na época ele explicou que seus
problemas de saúde tinham origem em um desequilíbrio hormonal e que o
tratamento era "simples e singelo".
Entretanto, uma semana depois ele anunciou, por meio de comunicado aos
colaboradores da Apple, que os médicos haviam verificado que seu
problema de saúde era mais complexo do que havia imaginado, por isso se
licenciaria.
Seu afastamento e os poucos detalhes divulgados sobre a doença de Jobs
geraram especulações e preocupação entre alguns investidores, provocando
a desvalorização das ações da empresa.
Em junho daquele mesmo ano, uma reportagem do "WSJ" revelou que ele se submetera a um transplante de fígado.
Um hospital do Tennessee (EUA) confirmou,
dias depois, que o executivo-chefe da Apple passara por um transplante,
mas que estaria bem e recebera "excelentes prognósticos" dos médicos.
De acordo com o Instituto de Transplantes do Hospital da Universidade
Metodista em Memphis, ele passou pelo procedimento naquele momento
porque era o paciente em situação mais grave na lista.
Dias depois, o executivo já anunciava o retorno ao trabalho.
"QUASE MORRI"
Em março do ano passado, Jobs disse
ao governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, que 21 mil pessoas
no Estado estavam esperando por um transplante de órgãos.
"Eu quase fui um dos que morreram esperando por um fígado", afirmou o
executivo. "Fui afortunado", declarou Jobs. "No último ano, outros 400
californianos morreram esperando. Eu poderia ter morrido." À época, Jobs
se descrevia melhor. "Estou me sentindo bem. Quase morri. Está sendo
muito bom nos últimos meses."
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