O site WikiLeaks deve divulgar em breve milhares de documentos
confidenciais sobre a Guerra do Iraque. Em meio a especulações de quando
os dados devem vir à tona, o site prometeu, em sua conta na rede social
Twitter, divulgar os dados em vários veículos mundiais.
"Veja TBIJ [The Bureau of Investigative Journalism], IBC, NYT [New York
Times], Le Monde, Al Jazeera, Chan4 [Channel 4], SVT, CNN, BBC e mais
nas próximas horas. Nós maximizamos o impacto."
O WikiLeaks publicou em julho 76 mil documentos militares da guerra do
Afeganistão. Foi a maior quebra de segurança desse tipo na história
militar dos Estados Unidos.
No último domingo, o Departamento da Defesa dos EUA, disse estar
preparado com uma equipe de 120 pessoas para avaliar o esperado
vazamento de cerca de 400 mil documentos procedentes de uma base de
dados militar sobre a Guerra do Iraque. Se confirmado, o vazamento
poderá ser muito maior que a divulgação recorde de mais de 70 mil
documentos em julho sobre a guerra do Afeganistão.
Em seu site em inglês, a rede de TV árabe Al Jazeera disse que teve
acesso a todos os documentos confidenciais em posse do WikiLeaks, e que
deve começar a cobertura completa sobre o assunto às 22h GMT (19h de
Brasília).
A agência de notícias France Presse disse ter recebido um comunicado da
Al Jazeera antecipando algumas dessas informações confidenciais. Entre
elas, as de que o Exército americano teria matado centenas de civis em
bases no Iraque e encoberto a tortura cometida pelas forças do governo
iraquiano.
"Os documentos do WikiLeaks mostram vários casos de tortura e de abuso
de prisioneiros iraquianos por policiais e soldados iraquianos", segundo
o comunicado da Al Jazeera, informa a France Presse. O comunicado diz
ainda que o governo americano estava ciente da tortura autorizada pelo
governo iraquiano, mas pediu que suas tropas não interviessem.
O WikiLeaks estava fora do ar na tarde desta sexta-feira, mas o site
afirmou, por meio da rede social Twitter: "Fomos informados de que
rumores da Al Jazeera divulgar arquivos do WikiLeaks são incorretos".
RESPOSTA AMERICANA
O Pentágono disse nesta sexta-feira que não espera grandes surpresas,
mas alertou que soldados americanos e iraquianos podem ser colocados em
risco pelo vazamento das informações.
No Twitter, o WikiLeaks respondeu: "'Nada novo para ELES obviamente".
O coronel Dave Lapan disse a jornalistas que a equipe do Pentágono
revisou os arquivos da Guerra do Iraque que acredita que o WikiLeaks
tenha, cobrindo um período entre 2003 e 2010.
Ele descreveu-os como arquivos amplamente "de base", que poderiam expor
nomes de indivíduos iraquianos trabalhando com os EUA e dar informações a
insurgentes iraquianos sobre as operações americanas, semelhante aos
arquivos da Guerra do Afeganistão.
"Nossa preocupação é principalmente com a ameaça a indivíduos, a ameaça a nosso pessoal e nosso equipamento", disse Lapan.
"Mas em termos dos tipos de incidentes que estão registrados nesses
arquivos, onde iraquianos inocentes foram assassinados, onde há
alegações de abuso de presos, todas essas coisas foram muito bem
relatadas ao longo do tempo."
A secretária americana de Estado, Hillary Clinton, afirmou nesta
sexta-feira que condena o vazamento de qualquer documento que possa vir a
colocar os americanos em perigo. Ela se recusou a discutir o conteúdo
do material que deve ser divulgado pelo WikiLeaks.
'Mas tenho uma forte opinião de que devemos condenar nos termos mais
claros o vazamento de qualquer informação por indivíduos ou organizações
que coloquem as vidas dos americanos e de seus parceiros' em risco,
afirmou à imprensa.
PREPARAÇÃO
Nos últimos dias, autoridades americanas e da Otan têm feito
pronunciamentos públicos sobre supostos perigos que os vazamentos
revelados pelo WikiLeaks podem causar às tropas internacionais
estacionadas no Iraque e no Afeganistão.
Mais cedo, o próprio secretário-geral da Otan (aliança militar
ocidental), Anders Fogh Rasmussen, fez advertências. "Tais vazamentos
podem ter consequências muito sérias em termos de segurança para as
pessoas afetadas, podem pôr em perigo a vida de soldados e de civis",
afirmou em Berlim.
Na segunda-feira (18), o Pentágono pediu que a imprensa não publique os documentos que vierem a ser revelados.
"A imprensa precisa ter cuidado. Não queremos que o WikiLeaks, como
organização, ganhe credibilidade se meios com credibilidade divulgarem
suas informações", disse David Lapan, porta-voz da Departamento da
Defesa americano.
As informações seriam publicadas em um momento delicado para o Iraque,
onde os partidos políticos tentam formar um governo de coalizão e as
forças de combate americanas completaram a retirada em agosto.
Os EUA mantêm ainda no Iraque cerca de 50 mil soldados, que até o fim de 2011 deverão deixar o país.
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