A indústria cinematográfica está atualmente em um estado de crise que
deixou alguns diretores sem trabalho, muitos deles com problemas até
para sobreviver.
A grande vilã dessa situação é a internet, que ocupa o público
tradicional e torna mais difícil para os diretores a produção de filmes,
afirmou nesta segunda-feira o diretor irlandês Neil Jordan, membro do
júri do Festival Internacional de Cinema de Tóquio.
"Há uma crise real na indústria neste momento, e isso fica claro para
mim pelo fato de que todos os diretores que eu conheço estão
desempregados. Ou quase todos", afirmou Jordan, que é vencedor do Oscar e
dirigiu produções como "Traídos Pelo Desejo" e "A Companhia dos Lobos".
Jordan, que chefia o júri, acrescentou: "Acho que a crise no cinema é
causada pela internet. Como em qualquer outra indústria -- música,
editoras, filmes. A internet está mudando os hábitos das pessoas e tudo
está em estado de fluxo."
Ironicamente, o festival foi aberto no sábado com a exibição de "A Rede
Social", um filme sobre a fundação do Facebook. Há 15 competidores pelo
maior prêmio, o Sakura, que distribui US$ 50 mil. As produções foram
selecionadas em mais de 80 países e regiões.
Entre os filmes, estão duas produções chinesas, incluindo "Buddha
Mountain", do diretor Li Yu, três do Oriente Médio, com destaque para
"Flamingo nº 13", do diretor iraniano Hamid Reza Aligholian, e "Post
Card", do diretor japonês Kaneto Shindo, que tem 98 anos.
O Japão, que deu ao mundo gênios como Akira Kurosawa, cujo centésimo
aniversário de seu nascimento será lembrado no festival, não está imune
aos problemas do cinema, com o público em queda em relação à última
década. O apetite da nação por filmes estrangeiros também caiu.
Produções de outros países foram responsáveis por 43% dos 206 bilhões de
ienes (US$ 2,53 bilhões) arrecadados nas bilheterias japonesas no ano
passado. Esse número chegou a 73% em 2002, de acordo com a Associação de
Produtores de Filmes do Japão.
Jordan afirmou que, embora esteja certo de que o cinema vai reviver, no
momento está extremamente difícil para os bons filmes saírem do
'confinamento' do número cada vez maior de festivais.
"Acho muito importante que filmes não fiquem no 'gueto' dos festivais",
afirmou. "Festivais são enormemente importantes, porque são uma das
poucas vias que sobraram para a indústria séria, mas também é importante
que os filmes cheguem além do circuito de festivais, para encontrar o
público em todo o mundo."
O Festival Internacional de Cinema de Tóquio será encerrado até 31 de outubro e terá uma homenagem ao astro chinês Bruce Lee.
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