O vice-presidente de softwares da Microsoft, que está deixando a
empresa, incentivou a companhia a abandonar suas raízes no Windows e
Office para imaginar um mundo "pós-PC", de aparelhos simples e globais
conectados à web.
Cinco anos depois que Ray Ozzie estabeleceu sua presença com um
memorando sobre software como serviço via internet, encarado como o
manifesto da Microsoft em favor da "computação em nuvem" e do software
como serviço, ele voltou a encorajar a gigante do software a conceber o
futuro como um tempo em que a simplicidade será essencial.
O apelo emotivo de Ozzie surgiu em companhia de um momento que alguns
analistas definem como decisivo para a Microsoft: em novembro, os
primeiros modelos de uma geração de celulares inteligentes equipados com
seu sistema operacional chegarão às lojas, em uma tentativa tardia da
companhia de recuperar posição no mercado de aparelhos de comunicação
sem fio.
"Vamos celebrar esse marco dos cinco anos voltando a abraçar sem medo
aquilo que se tornou tecnologicamente inevitável", afirmou Ozzie em uma
mensagem publicada em seu blog pessoal e dirigida aos executivos da
Microsoft e aos seus subordinados diretos.
"Os próximos cinco anos trarão novo ponto de inflexão, uma transformação
que de novo resultará em oportunidades sem precedentes para nossa
empresa e nosso setor, catalisada por uma grande e inevitável mudança
nos aplicativos e infraestrutura que está começando de verdade apenas
agora."
Será um mundo, argumentou Ozzie, no qual os usuários terão acesso
permanente a serviços de software por meio de "aparelhos que serão em
grande medida concebidos como eletrodomésticos. Eles poderão ser usados
instantaneamente e serão intercambiáveis e poderão ser substituídos de
maneira trivial, sem perdas."
A mensagem de Ozzie, que anunciou que se aposentaria na Microsoft na
semana passada, tem por objetivo preparar a empresa, que ficou para trás
do Google e da Apple no setor de celulares e computadores tablet, e foi
surpreendida por fenômenos como a rede social Facebook.
"Feche os olhos e forme uma imagem realista de como será um mundo pós-PC, caso ele venha de fato a surgir", escreveu Ozzie no texto publicado
na segunda-feira. "Quem for capaz de divisar um futuro plausível e mais
brilhante que o presente, terá a oportunidade de liderar."
Em vez de um mundo baseado em computadores pessoais e software, Ozzie
afirma que a Microsoft tem que pensar em "serviços contínuos baseados em
nuvem que nos conectam e aparelhos conectados que nos permitem
interagir com esses serviços".
Tais aparelhos podem estar em casa, no carro, controlando elevadores ou estradas, diz Ozzie.
"Veremos décadas de incrível inovação das quais surgirão todos os tipos
de dispositivos que poderemos vestir, carregar e usar em nossas mesas e
paredes e no ambiente ao nosso redor."
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