sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Arquivos vazados pelo WikiLeaks detalham ajuda do Irã a milícias iraquianas

Documentos confidenciais sobre a Guerra do Iraque, divulgados nesta sexta-feira pelo site WikiLeaks, revelam o apoio dado às milícias iraquianas xiitas pela Guarda Revolucionária do Irã, a elite do Exército iraniano, informam o jornal "The New York Times" e a TV Al Jazeera.
O papel do Irã na Guerra do Iraque é tema de vários documentos, muitos dos quais sugerem que Teerã estava fortemente envolvido em equipar e apoiar grupos xiitas radicais no Iraque. Os dois veículos reiteram, no entanto, que os documentos apenas registram um lado da história --o dos EUA-- e de forma limitada, e que muitos foram baseados em entrevistas com informantes --de credibilidade duvidosa.
Os arquivos apontam amplas ligações entre o Irã e os grupos militantes, que tinham como alvo políticos sunitas, ou responsáveis por ataques com o objetivo de minar a confiança no governo iraquiano.
Durante o governo de George W. Bush, críticos alegaram que a Casa Branca exagerou no papel do Irã no conflito iraquiano, com o objetivo de ganhar apoio a política linha-dura em relação a Teerã, incluindo uma possível ação militar.
Testemunhos de detidos, o diário de um militante capturado e várias armas apreendidas revelam o papel do Irã em fornecer às milícias iraquianas foguetes, bombas magnéticas que podem ser grudadas embaixo de carros, bombas de beira de estrada, rifles calibre 50 e mísseis portáteis, entre outras armas.

Cerca de 400 mil documentos confidenciais divulgados nesta sexta-feira pelo site WikiLeaks apontam que forças dos Estados Unidos e seus aliados cometeram abusos, execuções sumárias e ignoraram repetidos atos de tortura no Iraque.
Ainda de acordo com os dados secretos, cerca 109 mil pessoas morreram no país -- 66 mil delas civis. Segundo os documentos, mais de 15 mil das vítimas civis morreram em incidentes que não haviam sido previamente divulgados. Autoridades americanas e britânicas insistem que não existe um número oficial de vítimas no conflito.
Segundo os documentos, autoridades americanas não investigaram denúncias de abusos, torturas, estupros e outros crimes que teriam sido cometidos por policiais e soldados iraquianos, e tais oficiais tiveram permissão para continuar atuando sem qualquer punição.
O site da TV Al Jazeera relata que soldados americanos denunciaram a seus superiores as alegações de tortura em ao menos 1.300 ocasiões: "o detento estava vendado"; "apanhou nos braços e pernas com um objeto duro"; "socado no rosto e na cabeça"; "eletricidade foi usada em seus pés e genitais"; "foi sodomizado com uma garrafa d'água".
Um dos relatos apresentados pela Al Jazeera é de uma denúncia de que "um detento foi espancado com uma chave de fenda, golpeado com cabos e mangueiras nos braços, costas e pernas, eletrecutado e sodomizado com uma mangueira".
Trata-se da maior quebra de segurança desse tipo na história militar dos Estados Unidos. Em julho, o site publicou 76 mil documentos militares sobre a guerra do Afeganistão.
Os dados revelados pelo WikiLeaks indicam ainda que houve inúmeros casos de abusos contra prisioneiros. Presos tiveram os olhos vendados e os tornolezos e pulsos amarrados, e foram agredidos com chutes, socos e choques elétricos. Ao menos seis dos relatórios vazados apontam que os presos morreram após serem submetidos aos abusos.

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