sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Dezembro de 2006 foi o mês mais sangrento no Iraque, com 103 civis mortos por dia

Dezembro de 2006 foi o mês mais sangrento da Guerra do Iraque. Foram registradas 5.183 mortes, dos quais dois terços --3.784-- eram civis. A estimativa resulta em uma média de 103 civis mortos a cada dia. Além disso, o número ultrapassa as contagens da ONU e da organização Iraq Body Count, que indicavam menos de 3.000 civis mortos naquele mês.
As informações foram divulgadas por "The Bureau of Investigative Journalism" ["Departamento de Jornalismo Investigativo", em tradução livre], com base em arquivos confidenciais vazados pelo site WikiLeaks nesta sexta-feira.
Foram 31 crianças mortas --uma por dia ao menos-- e 23 feridas.
O lugar mais perigoso para viver na época era Bagdá, onde 1.922 foram assassinadas --todos registrados como civis, com exceção de 50.

Cerca de 400 mil documentos confidenciais divulgados nesta sexta-feira pelo site WikiLeaks apontam que forças dos Estados Unidos e seus aliados cometeram abusos, execuções sumárias e ignoraram repetidos atos de tortura no Iraque.
Ainda de acordo com os dados secretos, cerca 109 mil pessoas morreram no país -- 66 mil delas civis. Segundo os documentos, mais de 15 mil das vítimas civis morreram em incidentes que não haviam sido previamente divulgados. Autoridades americanas e britânicas insistem que não existe um número oficial de vítimas no conflito.
Segundo os documentos, autoridades americanas não investigaram denúncias de abusos, torturas, estupros e outros crimes que teriam sido cometidos por policiais e soldados iraquianos, e tais oficiais tiveram permissão para continuar atuando sem qualquer punição.
O site da TV Al Jazeera relata que soldados americanos denunciaram a seus superiores as alegações de tortura em ao menos 1.300 ocasiões: "o detento estava vendado"; "apanhou nos braços e pernas com um objeto duro"; "socado no rosto e na cabeça"; "eletricidade foi usada em seus pés e genitais"; "foi sodomizado com uma garrafa d'água".
Um dos relatos apresentados pela Al Jazeera é de uma denúncia de que "um detento foi espancado com uma chave de fenda, golpeado com cabos e mangueiras nos braços, costas e pernas, eletrecutado e sodomizado com uma mangueira".
Trata-se da maior quebra de segurança desse tipo na história militar dos Estados Unidos. Em julho, o site publicou 76 mil documentos militares sobre a guerra do Afeganistão.
Os dados revelados pelo WikiLeaks indicam ainda que houve inúmeros casos de abusos contra prisioneiros. Presos tiveram os olhos vendados e os tornolezos e pulsos amarrados, e foram agredidos com chutes, socos e choques elétricos. Ao menos seis dos relatórios vazados apontam que os presos morreram após serem submetidos aos abusos.

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