Se querem se tornar um negócio sério, os serviços de música digital on-line precisam recorrer à mídia social, aos smartphones e aos mercados emergentes, disseram executivos de duas das empresas mais bem-sucedidas do segmento durante a Reuters Media and Technology Summit.
A despeito de numerosas tentativas, poucas empresas iniciantes conseguiram lançar serviços de sucesso, em meio a dificuldades para obter apoio das gravadoras e concorrer com o poderio da iTunes, da Apple.
Mas passados 10 anos, serviços como Shazam, que identifica canções, e Rhapsody, Spotify e Pandora conquistaram espaço no mercado ao distribuir música para maior número de consumidores em todo o mundo e ajudar a ampliar a receita das gravadoras, que antes as encaravam com desconfiança.
As operadoras de telecomunicações, que têm a capacidade de embutir o custo de um serviço de música em sua assinatura mensal, e as redes sociais, que podem ajudar a divulgar músicas entre milhões de pessoas, ocupam posições-chave. E explorar os mercados emergentes também pode ser útil.
"Creio que para os consumidores mais jovens de música, ser dono de uma faixa não importa mais; o que interessa é o acesso a 16 milhões ou 20 milhões de faixas", disse Will Mills, diretor de música e conteúdo da Shazam. "E há a intermediação social, para tentar descobrir o que uma pessoa deseja ouvir."
"Se você conseguir criar um processo que elimine a fricção e tenha o preço certo, as pessoas comprarão música de você", disse.
O setor de música costumava ser criticado pelo foco no combate à pirataria e pela falta de novos serviços on-line que ajudassem a atrair consumidores.
A iTunes dominou o mercado, mas os consumidores muitas vezes preferem comprar faixas simples a álbuns.
Em resposta, o setor está expandindo seus horizontes, com mais participantes e um esforço de promoção de serviços por assinatura, nos quais os fãs pagam quantia fixa mensal pelo acesso a milhões de canções. Embutir esse custo em uma conta mensal de telefonia móvel também pode gerar mais fidelidade à operadora.
A Deezer, uma companhia francesa de streaming de música, está crescendo em todo o mundo aproveitando-se de uma parceria com o Facebook e de acordos com operadoras de telecomunicações a fim de encorajar as pessoas a descobrirem músicas por meio de suas redes de amigos, e a ouvi-las em seus computadores e aparelhos móveis.
Axel Dauchez, executivo-chefe da Deezer, disse que uma questão importante era a necessidade de ensinar as pessoas que é possível ouvir muita música em seus celulares sem incorrer em pesadas despesas de tráfego de dados. "Quando você chega a esse ponto, ninguém mais precisa ter uma canção gravada em sua máquina", disse.
A Deezer oferece um serviço gratuito limitado na França, seu maior mercado, mas fora do país seus serviços de música, direcionados a usuários de smartphones, em geral requerem pagamento mensal.
Dauchez disse que a atitude das gravadoras mudou depois que elas compreenderam que os serviços de streaming música eram nova fonte de renda. "Ficou muito mais fácil (lidar com as gravadoras)", afirmou.
O streaming tem imenso potencial. Ele disse que, em 2000, o domicílio médio francês comprava dois CDs por ano, enquanto um assinante do serviço da Deezer paga € 10 por mês.
O analista independente de música Mark Mulligan disse que as grandes gravadoras viam positivamente os serviços por assinatura, mas que seu entusiasmo não era compartilhado pelos selos menores e por alguns músicos, que não têm visto grandes retornos.
"Em termos de retorno, de 130 a 140 streams equivalem a um download", disse. "Para uma gravadora, a situação parece melhor porque eles lidam com totais agregados, mas se você é músico e consegue apenas um download a cada 20 execuções, enfrentará uma perda forte de renda."
Ele mencionou o argumento contrário, de que o número de pessoas que vêm fazendo downloads é pequeno, e por isso os serviços de streaming podem servir para envolver mais pessoas no consumo de música.
"A teoria é de que as coisas se corrigirão ao longo dos anos, à medida que mais pessoas aderem ao paradigma do consumo, porque o jogo acima de tudo envolve escala", disse.
O setor também despertou para o potencial de serviços como o Shazam, um aplicativo para smartphones que reconhece e identifica canções e atraiu mais de 200 milhões usuários, com sete milhões de canções identificadas ao dia. Os usuários podem acessar os sites parceiros do Shazam para comprar a faixa.
"8% das pesquisas resultam em compra, em geral junto aos grandes serviços do setor", disse Mills. "Isso movimenta mais de US$ 100 milhões ao ano."
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