quarta-feira, 6 de junho de 2012

Jogo 'World of Warcraft' entra no julgamento de assassino da Noruega

O tribunal responsável pelo processo de Anders Behring Breivik, julgado pela morte de 77 pessoas no ano passado, analisou longamente nesta quarta-feira o RPG on-line "World of Warcraft", que o extremista jogava de maneira intensiva antes do massacre, mas sobre o qual ele se mostrou pouco eloquente diante da justiça em Oslo.
Anders Breivik, autor de 77 assassinatos em 22 de julho de 2011 na Noruega, durante julgamento em Oslo
Em diversas oportunidades, a acusação tentou fazer Breivik falar de seu vício pelos jogos nos anos que antecederam os ataques de 22 de julho de 2011, parando com frequência no silêncio do réu.
"World of Warcraft não tem nada a ver com o dia 22 de julho", disse o acusado. "A promotoria tenta apenas me ridicularizar", acrescentou, chegando a desligar o seu microfone em um momento, incomodado com as perguntas insistentes do procurador Svein Holden.
No passado, Breivik explicou ter tirado um ano sabático em 2006 para se dedicar inteiramente a esse jogo on-line, passado em um universo medieval fantástico e, geralmente, considerado não-violento, para jogá-lo por até 16 ou 17 horas por dia.
Cena do RPG online "World of Warcraft"
Nesta quarta-feira, foram apresentadas provas de que ele havia jogado intensivamente "Warcraft" até fevereiro de 2011, apenas alguns meses antes de colocar uma bomba perto da sede do governo em Oslo, e depois abrir fogo contra jovens trabalhistas reunidos na ilha de Utoeya.
Esses dois ataques deixaram 77 mortos, a maioria adolescentes.
Sem fazer referência ao jogo, o procurador explicou durante uma entrevista coletiva à imprensa após a audiência que suas perguntas tinham como objetivo mostrar incoerências nas explicações de Breivik e ajudar a determinar seu estado de saúde mental.
Breivik afirma que se dedicou a escrever "o tempo todo" seu manifesto ideológico a partir de 2007, uma atividade pouco compatível com a prática assídua de World of Warcraft. No entanto, em 2008, ele escreveu que tinha se dedicado "non stop" ao jogo.
Diante desta contradição aparente, o extremista de 33 anos se defendeu explicando ter dividido o seu tempo entre seu manifesto e os jogos.
"Você é procurador em tempo integral e, portanto, tem certamente 'hobbies' quando chega em casa à noite", respondeu a Holden.

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