Sua sorte foi ter um instalado um aplicativo que rastreava o aparelho em qualquer lugar. O azar foi ter encontrado tanta dificuldade que não conseguiu recuperá-lo.
O assalto ocorreu por volta das 21h15, quando o professor chegava de táxi do aeroporto de Congonhas. Um bandido armado o abordou logo após descer do veículo e pediu sua mochila, que, além do iPad, tinha um laptop. O bandido ainda levou seu relógio e R$ 300.
Ivan acionou a polícia pelo telefone 190 e uma patrulha chegou a percorrer com ele ruas da região, mas o assaltante não foi encontrado.
De volta a sua casa, o professor se lembrou de um aplicativo de rastreamento --o Find my iPad. Pelo iPhone, que estava no bolso e não foi levado, Ivan localizou o aparelho roubado e começou a acompanhar seu deslocamento pelas ruas.
"Nunca pensei que seria assaltado, instalei o aplicativo para o caso de perder o iPad em casa", disse. Ele ligou novamente para a polícia e teve início sua peregrinação.
Uma patrulha foi para sua casa mas, ao serem informados sobre o local onde estava o aparelho --av. Nove de Julho--, os PMs disseram que não poderiam interceptar o suspeito porque ele estava fora da área de atuação.
A orientação foi para que ele pegasse o carro, chegasse próximo ao local, e procurasse policiais que estivessem na região. O professor chegou a fazer isso, mas, quando encontrava uma viatura, o aplicativo já indicava outro local.
Frustrado, ele voltou para casa e passou a acompanhar a andança de seu tablet pelo computador. Viu a tela mostrar vias como a avenida dos Bandeirantes, rua Vergueiro, marginal Tietê, até o sinal parar dentro de um condomínio no bairro Taboão, em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), à 0h12.
Ele conta ter ligado para a PM diversas vezes, mas nenhum atendente conseguiu resolver seu problema. "As orientações eram conflitantes, cada ligação era uma coisa mais descabida que a outra. Me senti desamparado pelo Estado", afirma.
O professor desistiu do 190 e passou a buscar no Google telefones de delegacias. Em uma das ligações madrugada adentro, um policial informou o celular de um PM, que chegou a ir até o condomínio do suspeito. Mas a resposta para Ivan foi de que sem mandado judicial não poderia fazer nada.
Já na manhã de segunda-feira, Ivan procurou a delegacia mais próxima do condomínio para pedir novamente ajuda. No caminho, encontrou outra equipe da PM e relatou seu calvário. Os policiais chegaram a acompanhá-lo até a porta do condomínio, conversaram com porteiro e vizinhos, mas também disseram não poder fazer nada.
De volta ao 7º DP de São Bernardo, o professor registrou a ocorrência e deu o endereço do condomínio. O suspeito foi detido na rua, e, levado à delegacia, foi reconhecido.
O final, porém, ainda está longe. Testemunhas que viram o assalto não compareceram à delegacia para reconhecer o suspeito. As imagens da câmera do prédio também não chegaram a tempo.
"Sem elementos mais convincentes, nenhum juiz vai expedir um mandado de prisão", avaliou o delegado Ivo Fontes, do 7º DP.
O suspeito, que já tem passagens pela polícia, foi liberado após ser indiciado sob suspeita de roubo e vai responder pelo crime na Justiça.
À polícia ele negou o assalto e disse que no horário informado pelo professor estava com um amigo em outro lugar. O amigo não foi à delegacia confirmar a história.
Ivan diz acreditar que seu iPad nem esteja mais na casa do suspeito, e que já desistiu de recuperá-lo. Vai comprar outro na próxima viagem ao exterior.
OUTRO LADO
Procurada, a Polícia Militar afirma que o 190 prima pela qualidade e que seu objetivo "é atender bem o cidadão e o envio rápido de uma viatura se for necessário".
Sobre o caso do professor, a corporação informou que precisaria do telefone ou endereço dele para apurar os problemas relatados.
Em situações semelhantes, a orientação da PM é que a vítima procure o 190 e que os policiais podem ir a qualquer local indicado por ela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário