terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Casamento entre sistema e aparelhos é o trunfo da Apple

Apesar da importância cada vez maior do software, o bom casamento entre o sistema operacional e o aparelho é fundamental para a estabilidade da plataforma.
Desde que entrou no mercado de smartphones, em 2007, esse é o trunfo da Apple perante a concorrência.
Por ter o poder de desenhar o iOS baseado no hardware feito em suas próprias instalações, a empresa fundada por Steve Jobs criou um software coeso.
Assim, o iOS oferece uma das experiências mais completas quando o assunto é smartphone. Sua interface intuitiva é um chamariz para usuários leigos.
A disposição de ícones, presente desde sua primeira versão, continua. Só que, se em 2007 Steve Jobs apresentou o primeiro iPhone sem uma loja de aplicativos, hoje ela é um dos maiores destaques da plataforma.
Ao usar a base de clientes já estabelecida pela iTunes Store e oferecer bons preços aos desenvolvedores -a empresa fica com 30% do valor de um app vendido-, a Apple criou a maior loja de aplicativos para smartphones.
Hoje são mais de 500 mil aplicativos. Porém nem todos estão disponíveis no Brasil, principalmente na área de jogos (leia mais abaixo).
Por ter uma enorme gama de opções, o iOS é a plataforma com mais opções específicas de aplicativos. Há opções para médicos, engenheiros, músicos etc.
Na última semana, a Apple anunciou a chegada oficial da iTunes Store ao país. Isso significa que, além dos apps, usuários do iOS agora podem comprar músicas e assistir a filmes em seus aparelhos.
A última atualização do sistema, o iOS 5, adicionou uma série de recursos cobrados por antigos usuários.
Um sistema de notificação completo foi adicionado, além de melhorias na câmera e no navegador Safari.
FATIA PEQUENA
Apesar de aclamado pela crítica, os iPhones da Apple têm dificuldade de aumentar sua participação no mercado nacional.
Números divulgados pela consultoria Gartner indicam que, no terceiro trimestre de 2011, a empresa teve 11% de participação na venda de smartphones no país. O crescimento em comparação ao mesmo período de 2010 foi de só dois pontos percentuais.
A participação se explica em parte pelo baixo número de aparelhos à venda no mercado -com a chegada do iPhone 4S, agora serão três aparelhos (iPhone 4 e iPhone 3GS continuarão nas lojas).
Mas o fator mais proibitivo continua sendo o preço dos smartphones. Se sistemas como Android oferecem opções mais simples por menos de R$ 500, o iPhone 4S chega ao país por R$ 2.599 na loja oficial da Apple -nas operadoras, o preço pode cair para R$ 1.249 em planos de voz com valor mensal exorbitante.
O preço do aparelho chega a R$ 3.399 em sua versão de 64 Gbytes -R$ 800 a mais do que o tablet mais caro da empresa, o iPad 2 com 64 Gbytes e conexão 3G.
Mesmo as versões mais antigas continuam com valores altos -o iPhone 4 de 8 Gbytes custa R$ 1.799, enquanto o 3GS com o mesmo espaço interno custa R$ 1.199.


GAMES NO BRASIL
Apesar de oferecer 500 mil aplicativos na App Store americana, contas brasileiras cadastradas têm acesso a apenas 200 mil opções.
Os números estão presentes no site da Apple para ilustrar as maravilhas da loja virtual para iPhone. Na versão nacional, dois tópicos descritivos estão ausentes: entretenimento e jogos.
Levantamento feito pela Folha mostra que, da lista divulgada pela Apple dos 10 aplicativos pagos mais baixados para iPhone em 2011, nove deles não estão disponíveis na loja brasileira. O único disponível, o aplicativo Camera+, não é um game.
A disparidade entre as lojas se explica por uma exigência do Ministério da Justiça de classificação etária dos games publicados na App Store. A Apple utiliza os padrões americanos em seus apps e não abre mão do formato em países que requerem classificação própria.
"A Apple nos procurou há mais de um ano, mas a conversa não foi satisfatória. A empresa queria, na verdade, discutir uma forma de usar a classificação americana no país. Porém, qualquer loja no Brasil precisa exibir a classificação indicativa nacional", diz Davi Pires, diretor-adjunto do Dejus (Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação).
Pires explica que o Ministério da Justiça já teve reuniões com outras empresas que vendem jogos digitais e que as conversas com Google, Microsoft, Sony e Nintendo foram positivas. Nas lojas de Android e Windows Phone, por exemplo, é possível encontrar diversos jogos autorizados pelo ministério.
"O padrão da Apple é simples: em países que não requerem classificação indicativa, há jogos, mas, naqueles em que é necessário uma adaptação, a Apple remove os aplicativos", diz Pires.
A chegada da iTunes Store nacional, na última semana, pode facilitar o processo de adoção do padrão nacional para jogos. Na loja é possível encontrar a classificação indicativa nacional em filmes -no Brasil, o mesmo padrão é utilizado para jogos.
Porém, Pires nota que os cerca de mil filmes da iTunes Store já haviam sido classificados pelo ministério, já que foram exibidos em cinemas e canais de televisão.
"O ministério continua aberto para discutir o formato. Podemos organizar nossa equipe para classificar todos os jogos, mas não podemos abrir mão da classificação nacional", diz Pires.

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