E a verdadeira má notícia: a Sony não conta com seguro para essas perdas.
Em um processo judicial, a Zurich American Insurance, seguradora da Sony, lembrou a empresa de que ela não tem cobertura contra ciberataques. As apólices da Sony só cobrem prejuízos tangíveis, como danos em imóveis, não ciberataques.
O episódio resume bem a questão do seguro contra ciberataques, disse Jacob Olcott, diretor da equipe de cibersegurança da Good Harbor Consulting. "Todo mundo precisa dele, e a maioria das empresas não percebe que não o tem antes de ser tarde demais".
A Sony estima que as violações de dados no primeiro semestre deste ano custem US$ 200 milhões à empresa |
Os especialistas dizem que mais empresas devem comprar esse tipo de seguro no ano que vem devido a uma mudança nas regras da SEC (Securities and Exchange Commission, órgão que fiscaliza e regulamenta o mercado de valores mobiliários). Em outubro do ano passado, a SEC promulgou uma nova orientação sob a qual empresas se verão forçadas a revelar ataques cibernéticos que tenham efeito "material" e seu custo para os acionistas. A norma requer especificamente que as empresas divulguem "uma descrição das coberturas relevantes dos seguros".
Essa instrução da SEC pode representar uma mina de ouro para o setor de seguros contra ataques cibernéticos.
Os seguros desse tipo existem desde o governo Clinton, mas a maioria das empresas tende a optar por se protegerem sozinhas contra ciberataques, disse Robert Ackerman, executivo de capital para empreendimentos na Allegis Capital e especialista em cibersegurança.
"As companhias não querem falar sobre ciberataques", diz Ackerman. "Agora as brechas vão se tornar mais visíveis, e as pessoas terão de começar a estimar seus custos."
Não existem estatísticas sobre as dimensões do setor de seguros contra ciberataques, mas Peter Foster, vice-presidente sênior da Willis North America, uma corretora de seguros, acredita que haja US$ 750 milhões em apólices desse tipo em circulação. Com a recente mudança nas normas da SEC e a crescente frequência e severidade dos ciberataques, ele prevê que o número possa crescer em 50% no prazo de 12 a 18 meses.
O custo médio de uma violação de dados atingiu os US$ 7,2 milhões no ano passado, e as empresas tiveram de desembolsar uma média de US$ 214 por informação violada, de acordo com o Ponemon Institute. E isso são só as violações de dados. Caso a empresa sofra roubo de propriedade intelectual, a organização pode ser dizimada.
"Agora é possível sugar toda a informação de uma empresa", disse Scott Borg, executivo-chefe da United States Cyber Consequences Unit, uma organização sem fins lucrativos.
Uma apólice abrangente de seguros contra ataques cibernéticos deveria abarcar também o roubo de propriedade intelectual, disse Emily Freeman, corretora desse tipo de seguros na Lockton. A maioria das apólices, disse Freeman, cobre "o duplo risco de privacidade e segurança", o que inclui custo de operações perdidas, custos de notificação, serviços de monitoração de crédito, relações públicas e despesas judiciais e de investigação. As apólices também podem cobrir processos coletivos, investigações pelas autoridades regulatórias e até custos de extorsão.
"Não há um modelo único. Depende do tamanho da empresa e de seu grau de exposição", disse Freeman. "Tenho visto empresas que compram apólices de US$ 1 milhão com uma pequena franquia. Outras têm comprado apólices de US$ 100 milhões para um caso grave --grave a ponto de ter que ser revelado à SEC."
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