Para levar ao extremo o mantra de "facilitar a vida do usuário", a
Apple deve invadir o mercado de televisores. É o que dizem analistas
ouvidos pela Folha. Para eles, a busca da empresa, agora sem Steve Jobs, será pela "última tela" de uso cotidiano.
"Assim como foi com o iPod, a Apple não vai criar, ela irá reinventar um
formato", opina Gustavo Ziller, diretor da agência Aorta e colunista da
Folha. "É a última tela que falta para a empresa pensar no novo
consumidor, público que as fabricantes de televisores ainda não
conseguiram agradar", complementa Ziller.
Em 2003, em uma entrevista à revista "Rolling Stone", Steve Jobs chamou a
televisão de "a tecnologia mais corrosiva do mundo". Na avaliação do
executivo, o formato atual não "liga" o cérebro --ao contrário, ele
colabora para desligá-lo.
Porém, a investida da Apple no mundo do conteúdo televisivo, a Apple TV,
não foi bem-sucedida. Lançada em 2007, a pequena caixa de transmissão
de conteúdo enfrentou grande concorrência e não oferecia novidades no
formato de distribuição de filmes e seriados.
Desde o ano passado, o analista Gene Munster, do banco Piper Jaffray, acredita que o próximo passo será um televisor da empresa.
Segundo o "Wall Street Journal", a Apple está trabalhando em uma nova
tecnologia de distribuição de vídeos. Um modelo de assinatura
concorrente às operadoras de televisão a cabo estaria entre os planos.
Especula-se que o televisor poderia também usar o sistema operacional iOS, o mesmo dos tablets e smartphones da empresa.
O registro de uma série de patentes voltadas para TVs indica que a
empresa está estudando o assunto. Em uma delas, o formato de aplicativos
na televisão é diferente do proposto pelas fabricantes atuais, com
pequenas caixas mutáveis, que ofereceriam informação extra ao conteúdo
exibido.
Essa ideia de personalizar a TV não é, claro, exclusividade da Apple.
Jean Paul Jacob, pesquisador emérito da IBM, também crê que esse é o
próximo passo do produto. "Pense numa televisão que tenha todos os
canais, mas você programa o canal que quiser. O canal 'Jean Paul'
guardaria o noticiário do meio-dia, filmes de que gosto e anúncios de
filmes. Seria um canal personalizado digital. É algo que nós já estamos
pensando há muito tempo."
Jacob também apresenta um porém: "A razão pela qual alguém não faria
esse produto é que os jovens de hoje estão vendo menos e menos televisão
e usando mais e mais o computador, então a questão é: você está fazendo
um produto para o futuro, e de repente ele não vende, porque o jovem
vai dizer 'olha, esse negócio de ver televisão digital não é para mim,
não, eu tenho o meu computador, eu tenho o meu smartphone etc.'."
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