Apesar de ganharem relevância na discussão sobre a migração dos livros em papel para os meios digitais, os livros eletrônicos, ou e-books, ainda desafiam as editoras nos custos de tecnologia.
Segundo empresas ouvidas pela Folha, os gastos para converter os textos impressos para a versão digital e para revisar todas as edições ainda são uma equação não solucionada pelas editoras.
"Para se converter mil títulos para a versão digital, por exemplo, são gastos de R$ 300.000 a R$ 500.000 adicionais, valores que incluem o trabalho e as revisões", afirma Sérgio Machado, presidente da editora Record.
Na avaliação de Machado, hoje o e-book está relacionado principalmente à comodidade de compra de um livro digital, e não necessariamente à experiência de leitura. No entanto, não podem ficar para trás da demanda.
"Por enquanto ainda não há uma mina de ouro. Até agora só existem investimentos, mas não podemos ignorar esse setor", resume.
Ao lado da Record e integrante da DLD (Distribuidora de Livros Digitais, que entregam o conteúdo adaptado para livrarias), a editora Objetiva afirma que as empresas estão adaptando seus modelos de negócio para a era digital.
"Os livros digitais ainda estão se preparando para decolar no fim de 2011 e início de 2012", diz Roberto Feith, diretor geral da Objetiva e presidente do conselho da DLD.
No entanto, está mais fácil contratar os direitos autorais dos autores para publicações digitais porque não há mais tanta insegurança jurídica quanto há cerca de três anos sobre o modelo de remuneração.
Em média, segundo Feith, enquanto a participação dos autores nos livros impressos era de 20%, nas publicações digitais chegam a 25%.
Na avaliação de Mariana Zahar, diretora executiva da Zahar, uma das primeiras editoras do Brasil a entrar no negócio on-line, embora o mercado precise amadurecer, ainda há possibilidade de explorar novos conteúdos dos livros digitais com a era dos tablets.
"A possibilidade de exploração de elementos audiovisuais está muito maior", afirma.
LOJAS EM PREPARAÇÃO
As livrarias também se preparam para o triunfo dos livros eletrônicos, embora ainda apontem restrições para que a categoria deslanche no país.
"Hoje são três principais entraves: criação de software compatível da loja digital com os aparelhos a venda, acervo em português e preço dos leitores eletrônicos. Quando as três questões estiverem resolvidas, o mercado deverá deslanchar", diz Marcílio Pousada, presidente da Livraria Saraiva.
Há quase um ano com uma loja virtual de títulos que podem ser livros no computador, nos tablets ou nos leitores digitais --como o Alfa, da Positivo--, a Saraiva tem hoje 220 mil títulos em inglês e 3.600 em português.
O faturamento da loja on-line é o 80º entre as 99 operações da empresa do país, segundo Pousada.
Já a Livraria Cultura aposta na forma de convergência da tecnologia com os livros. A empresa está lançando os "livros como aplicativos" em que os usuários podem baixar os títulos digitais acompanhados com audiolivros para iPhone e iPad.
AMAZON NO BRASIL
Caso a chegada da Amazon ao Brasil se confirme para os próximos meses, ela deverá ajudar a impulsionar os números de vendas de livros on-line no país.
Segundo a Folha apurou, a gigante americana do varejo prepara sua estréia com operações exclusivamente on-line, com a venda do leitor Kindle.
Segundo a consultoria ebit, no ano passado a categoria representou 12% de todos os pedidos on-line no país. O comércio eletrônico movimentou R$ 15 bilhões e a categoria "livros e assinaturas de revistas" foi a segunda mais influente nas vendas.
A expectativa para este ano é que o segmento atinja R$ 20 bilhões.
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