O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, afirmou nesta quinta-feira que o governo vai exigir que a produção de telas para os tablets feitos no país tenha pelo menos metade de componentes fabricados no Brasil, a partir de 2012.
Esse grau de conteúdo nacional, segundo avaliação do próprio ministro, é "pesado" e faz parte dos requerimentos do país para conceder incentivos para a implantação de fábricas desses equipamentos no Brasil. Esse nível de exigência é ainda maior do que o requisitado para notebooks, por exemplo.
Pimentel reafirmou que a fabricação de tablets no Brasil deverá começar entre três e quatro anos e deverá ser a primeira unidade dessa natureza fora da Ásia no mundo. Ele participou, em São Paulo, do seminário Brasil do Diálogo, da Produção e do Emprego, organizado pela Fiesp, Força Sindical e CUT.
O ministro indicou ainda que o Brasil passará a utilizar mais licenças não automáticas para proteger o mercado brasileiro de importados, sobretudo de manufaturados que competem com a indústria brasileira. Esse instrumento, segundo Pimentel, é permitido pela OMC (Organização Mundial do Comércio) e não se trata de "protecionismo".
Nas palavras de Pimentel, o Brasil era muito "preguiçoso" no passado na utilização de mecanismos de defesa comercial. "Talvez pelo câmbio exageradamente desvalorizado", afirmou.
ARGENTINA
Os exportadores brasileiros são alvo desse instrumento na Argentina, motivo da mais recente crise comercial entre os dois países. Segundo Pimentel, representantes dos dois países voltarão a se reunir na próxima semana para chegar a um consenso. Como retaliação à demora na entrada de produtos brasileiros na Argentina, o Brasil interrompeu a entrada de veículos fabricados no país vizinho. Um trégua foi negociada até a conclusão da discussão dos dois países.
Pimentel afirmou ainda que outras duas medidas estão em estudo no governo para dar competitividade à indústria, segundo ele, o setor mais prejudicado pelo dólar barato neste momento.
A segunda fase da Política de Desenvolvimento Produtivo deverá ser lançada em junho e, segundo adiantou Pimentel, terá "atenção especial" à inovação, com incentivos às fábricas que investem em tecnologia.
"No primeiro semestre, o governo concentrou esforços no controle da inflação. Esse risco está sendo afastado e, na virada do primeiro para o segundo semestre, vamos retomar essa tarefa", disse.
O ministro afirmou ainda que ainda estudam formas de retirar impostos da compra de máquinas e equipamentos. Segundo ele, o primeiro passo nesse sentido foi dado nessa semana, com a facilitação da devolução de créditos de PIS e Cofins para empresas exportadoras.
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