Quando eu era adolescente, queria ser um hacker no Exército de Israel. Mas, ao começar a trabalhar em uma pequena empresa de tecnologia, a coisa mudou. Decidi que queria ter minha própria companhia quando saísse do colégio. E assim foi.
Completei 18 anos, chamei meu amigo Daniel Gross --que hoje tem 19 anos e é executivo-chefe da Greplin--, e disse a ele que tinha uma ideia: construir uma rede social integrada com comércio eletrônico, algo como Facebook e Amazon juntos.
A ideia era grande --até demais. Mesmo assim, começamos a tocar o projeto, mas foi aí que a história mudou.
Em Israel, existem o serviço militar obrigatório e os programas que preparam você para isso. Quando saímos do colégio, fomos para um desses programas, mas ficávamos o tempo todo nos nossos computadores, trabalhando na nossa ideia.
Depois de pouco mais de dois meses, vimos um anúncio de um programa que ajudava no desenvolvimento de novas ideias e empresas, em San Francisco, nos Estados Unidos. Nos inscrevemos e eles gostaram da gente.
Acabamos convidados para uma entrevista. Viajei 18 horas (de Israel ao Vale do Silício) para participar de um encontro de dez minutos.
Paul Grahm, o fundador da incubadora de projetos de San Francisco, nos entrevistou e fomos aceitos. Lembro bem daquele dia. Eu e o Daniel nos olhávamos e não entendíamos o que havia acontecido. A gente não acreditou até começar a planejar nossa mudança para o Vale do Silício --a incubadora de projetos exige presença em San Francisco por três meses.
Voltamos para Israel, fizemos as malas e, 18 horas de voo depois, estávamos de volta. Eu tinha acabado de completar 19 anos.
Em San Francisco, trabalhávamos no nosso apartamento e nos encontrávamos com um grupo de empresas para discutir o projeto.
Mudamos a ideia várias vezes e trabalhamos duro. Enquanto isso, enviávamos várias cartas para o Exército de Israel, contando nossa história e pedindo para adiar o início do nosso serviço militar.
A resposta sempre era não. Até que, um dia, recebi uma ligação do Exército dizendo que, se eu não voltasse rápido, ia perder meu lugar nas unidades que lidam com computadores. Eu teria que servir em três meses e, para falar a verdade, havíamos tido pouco progresso em San Francisco.
Eu não tinha escolha. Tinha cinco meses de visto válido nos EUA e, se não servisse ao Exército, não poderia renová-lo. O Daniel, por outro lado, é americano. Ele decidiu ficar, eu voltei.
Você pode imaginar a minha frustração. Voltei para Israel com um sentimento de não ter nada. A previsão era a de que eu ficasse no Exército pelos próximos três ou quatro anos. E era isso.
Agora a história se divide em duas. O Daniel construiu a própria empresa nos EUA e já levantou US$ 4,8 milhões. Eu, por outro lado, comecei a fazer uma série de entrevistas de preparação para o Exército, ganhando mais alguns meses antes de servir.
Foi nesse período que tive uma ideia de um aplicativo para Android. E agi rápido. Logo já tinha US$ 85 mil de investimento. Comecei também a adiar minhas entrevistas de preparação, para ter mais tempo. Três meses se tornaram sete, mas havia pouco tempo.
Enviei cartas ao Exército, novamente, falando da ideia e da empresa. No começo, não tive sucesso, mas uma ligação, em novembro de 2010, me deu esperanças. Um representante militar me ligou pedindo detalhes sobre a minha empresa. Conversamos e, dias depois, fui convidado para uma reunião.
No encontro, o oficial me perguntou sobre dinheiro, futuro e quantas pessoas eu contrataria. Falei também sobre como aquela empresa poderia ajudar Israel. Ele me disse que teria que pensar.
Nesse meio tempo, consegui mais três meses --não sei como! Mas, em março de 2011, era a minha hora de ir. Veja minha situação: eu tinha duas pessoas trabalhando para mim e várias reuniões com investidores e parceiros agendadas. E eu ia deixar tudo aquilo em algumas semanas --você não consegue exatamente conciliar o serviço militar com uma empresa.
Comecei a procurar alguém para me substituir e continuei tentando falar com o Exército. Descobri que eles não queriam deixar que eu adiasse porque já tinham dito não para uma pessoa com um caso parecido --justamente o Daniel, meu grande amigo. Disse que meu caso era diferente, que eu ia construir uma empresa em Israel, que aquilo seria bom para o país. Não houve resposta.
Apenas algumas semanas antes de ter que me apresentar oficialmente ao Exército, recebi a esperada carta que dizia que eu poderia adiar meu serviço militar para cuidar da empresa. Ainda vou ter que servir ao Exército algum dia, claro, mas pelo menos tenho tempo para cuidar da Innobell.
SAIBA MAIS SOBRE SHAI MAGZIMOF
PROFISSÃO Desenvolvedor de aplicativos e sites
IDADE 20 anos
CARGO Fundador e executivo-chefe da Innobell
CIDADE Mora em Tel Aviv, em Israel
PERFIL NO TWITTER @shaimagz
SITE DA EMPRESA innobell.com
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