A jovem e talentosa diretora americana Miranda July apresentou nesta
terça-feira, na mostra competitiva do Festival de Cinema de Berlim, o
filme "The Future", uma fábula poética sobre o amor, a solidão e a
criatividade, na qual a internet desempenha um papel importante.
Dona de uma beleza delicada, Miranda July, que em 2005 ganhou a Câmera
de Ouro do Festival de Cannes com seu primeiro filme, "Eu, Você e Todos
Nós", é ao mesmo tempo roteirista, diretora e protagonista da fita.
A heroína, Sophie, mora com Jason (Jamish Linklater) em um pequeno
apartamento de Los Angeles. Os dois passam horas conectados à internet.
Parecem se entediar juntos e talvez o amor esteja acabando. Ela é
professora de dança para crianças e ele descobre uma alma de ecologista,
preocupado com o aquecimento global, vendendo pequenos arbustos de
porta em porta.
A história tem aspectos surrealistas, como o gato que espera ser adotado pelo casal e de vez em quando se lança em monólogos.
"Quando estava escrevendo o roteiro às vezes não me sentia humana, por
isso decidi escrever do ponto de vista do gato. Todos, eu imagino,
embora sejamos pessoas ativas, às vezes vivemos este sentimento de
estranheza, de vazio, de solidão", explicou Miranda July.
Sophie ama Jason, mas como uma sonâmbula, talvez sob a influência da lua
cheia, telefona para um desconhecido, que na verdade é um vizinho de 50
anos, e quase sem perceber acaba nua nos braços dele.
"O mais difícil é falar de amor de uma forma nova. Queria buscar outro
meio de mostrar o amor e a perda deste sentimento, também o desejo de
estar em contato com a natureza e a inquietação que às vezes a natureza
nos provoca", acrescentou.
Através da dança, Sophie quer soltar sua criatividade e passa horas
filmando a si própria para criar uma coreografia para postá-la no site
YouTube.
"Quis mostrar este lado espiritual da criatividade, inclusive um pouco
místico, em contradição com esse desejo de Sophie de criar uma dança
para postar no YouTube, algo que está destinado a chamar a atenção",
disse.
"Há dez anos era mais fácil, quando querer ser ouvido não era tão
vergonhoso. A internet, ao mesmo tempo, nos expõe e criou uma
consciência mais aguda da nossa necessidade de que os outros reajam ao
que propomos", disse Miranda July.
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