Há três anos, Priscila*, 26, e o namorado estavam na Tailândia e começaram a pensar em "formas divertidas de ganhar dinheiro".
Até que ele veio com a proposta indecente: conhecia quem pagasse, e bem, para assistir ao casal transar, ao vivo.
"Meu receio foi de encontrar um psicopata", conta Priscila. Medo que, após a primeira experiência, só fez encolher. "Foi tão tranquilo... Era um garoto bem nerd, gordinho."
A partir daí, fermentou a ideia de transformar o sexo em ganha-pão --ainda que sem transar com outras pessoas.
Quando foi para Nova York com o mesmo namorado (ainda estão juntos), decidiu vender calcinha usada --"ouro" entre grupos com fetiche pelo objeto.
Ela oferecia a mercadoria em um site especializado e marcava com o comprador em lugar público para entregar a calcinha --que comprava por US$ 2, usava e vendia por US$ 60.
Webcam
Priscila voltou ao Brasil e mudou o método. Enquanto seus pais, "que nunca falaram de sexo na minha frente", dormem, Priscila se tranca no quarto e gerencia um site montado por um amigo designer. É por essa URL que ela negocia de shows sensuais na webcam (US$ 50 por 15 minutos) a fotos explícitas.
Para Raquel*, 22, exibir-se na webcam também ajudou a turbinar a conta bancária.
Em 2008, ela viu nos classificados a vaga de "chat hostess" para "meninas com boa aparência e inglês intermediário".
Foi lá "para ver qual era" e achou uma empresa na Vila Olímpia, bairro chique de São Paulo. Lá, garotas, cada uma em sua salinha, conversavam com "clientes gringos" pelo computador a US$ 2,99 o minuto (metade do dinheiro ficava com a "hostess").
Durante o bate-papo, ela podia mostrar partes do corpo, dançar e até se masturbar na frente da webcam. Quanto mais tempo segurasse o cliente, mais seu bolso agradecia.
"Sempre tive curiosidade de saber como o sexo oposto pensa. Acabei me jogando."
Mas, na primeira semana, um freguês não parou de gritar "mostra as tetas!", e ela se jogou mesmo foi no choro. Durou um mês no trabalho, o que lhe rendeu "uns R$ 700".
A estudante de rádio e TV Mari, 22, foi mais longe. Em 2007, ela passou três meses trabalhando em empresa parecida com a de Raquel, só que em São Bernardo do Campo (SP). "No último mês, quando já sabia que ia sair, trabalhei muito para ganhar mais, mostrei muita vagina na webcam!", diz Mari, às gargalhadas.
Ela abandonou o trampo por um namorado. "Ele não gostava, aí me emprestou dinheiro para sair dessa. Acabei torrando o salário em roupas!"
Jéssica, 19, não tem namorado que a amole. Em clima de boteco com amigos, costuma conversar com os colegas sobre suas aventuras na pornografia --ela estuda design de moda na Uniban, onde uma turma de alunos açoitou Geisy Arruda e seu vestidinho rosa indefectível.
Sua turma, garante, "encara numa boa" o ensaio fotográfico que ela fez para o site da Xplastic, maior produtora de altporn (pornô indie) do país.
Pelas fotos, Jéssica ganhou R$ 300, usados mais tarde em uma viagem a Paris.
Não foi o dinheiro, contudo, que levou a tatuadíssima (e com a língua bifurcada, depois de uma operação) "Xgirl" (então com 18 anos) a posar nua. "Sacanagem é minha praia."
Fácil
"Essa aí deve ser fácil!" Taí uma frase que, vira e mexe, meninas envolvidas --de formas mais ou menos diretas-- com o pornô escutam.
O preconceito não vem só da ala masculina. Quando uma amiga de Priscila descobriu sua fonte de renda "pouco digna", preferiu se afastar.
Priscila rebate: "Posso contar nos dedos da mão os caras com quem transei. Ela, não".
Um comentário:
Isso pode ocorrer, desde que não atinja o lado pessoal das meninas.
Postar um comentário