Os participantes fizeram perguntas fictícias para três ilustres figuras da história (Darwin, Michelangelo e Platão). O concurso se inspirou na coleção "Um Café com", em que especialistas são convidados para apresentar grandes personalidades ao público leigo usando a fórmula de uma entrevista ficcional, mas baseada em biografias e livros sobre o escolhido.
Veja trechos dos três livros da premiação.
"Um Café com Platão"
Pergunta do autor Robert M. Pirsig: "E você nunca achou problemático o sexo entre pessoas do mesmo sexo?"
Resposta ficcional de Platão, baseada em pesquisas do autor: "Você deve ser cuidadoso nesse ponto. Sexo, tanto heterossexual como homossexual, pode ser impróprio ou indecente. Isso eu acho errado, e eu penso que se deveria comportar com temperança e com uma atenção escrupulosa com a decência. Como em muitas coisas. Sócrates serve aqui como um exemplo admirável. Sócrates encontrou meu tio, Cármide, quando todos achavam que Cármide era o mais belo e promissor jovem em Atenas. Depois de olhar de relance por baixo do manto de Cármide, Sócrates se inflamou com paixão. Mas aqui nosso herói refreou seus impulsos primitivos e passou a questionar o jovem homem para descobrir se sua alma era tão bela quando seu corpo. Isso exemplifica perfeitamente a importância daquilo que você chama de ascensão ao amor platônico. Preste atenção ao fato de que eu não elogio a castidade por ela mesma. Ela é valiosa como um elemento de decência e um passo essencial ao alargamento e à elevação que leva ao verdadeiro e puro amor."
Pergunta do autor Peter J. Bowler: "Ouvi falar de uma história em que você teria se convertido, em seu leito de morte, de volta ao Cristianismo?"
Resposta ficcional de Darwin, baseada em pesquisas do autor: "Tolice completa. Morri tão agnóstico (para usar o termo de Huxley) quanto eu havia sido nos últimos 20 anos da minha vida. Havia vários membros da minha família comigo quando eu morri, e, se você checar suas memórias, tenho certeza de que não encontrará nada que sustente tal história."
"Um Café com Michelangelo"
Pergunta do autor James Hall: "Seus nus masculinos, especialmente os primeiros, são de beleza insuperável. Basta pensar no Cristo morto da Pietá, na Basílica de São Pedro, no Davi de mármore e nos ignudi e em Adão, no teto da Capela Sistina. Como os observadores devem reagir a essa beleza?"
Resposta ficcional de Michelangelo, baseada em pesquisas do autor: "O corpo masculino é a maior criação de Deus e, quando seu próprio filho encarnou, Ele se tornou um homem - não uma mulher, não um cavalo nem tampouco uma árvore. Cristo foi o homem mais belo que já viveu, e por isso toda vez que vemos a beleza masculina aproximamo-nos do divino. Não apenas podemos nos permitir, temos o dever de venerá-lo. Antes mesmo de Cristo encarnar, Deus pavimentou o caminho para sua chegada, inspirando os gregos e os romanos antigos a venerarem o corpo masculino. Eles eram pagãos e assim não podiam ter plena consciência disso, mas suas grandiosas estátuas do nu masculino, todas, preveem a chegada de Cristo. Assim, Apolo profetiza o Cristo Redentor e o Laocoön profetiza o Cristo em sua paixão. O papa Júlio II trouxe essas esculturas ao Vaticano e sempre as considerou como sermões em pedra. Minha própria arte, frequentemente, aproxima-se da pré-história visual da cristandade. Minha escultura de São Mateus e meu desenho de Cristo na cruz são inspirados no Laocoön, que eu vi quando estava sendo escavado; e a parte superior de Adão, no teto da Capela Sistina, é inspirada em Apolo."
Nenhum comentário:
Postar um comentário