domingo, 25 de abril de 2010

Internauta invade privacidade e espia perfis de vítimas

G. conheceu um homem em uma festa e, ao chegar em casa, decidiu procurá-lo no Orkut. Sabia que faculdade ele cursava, encontrou a comunidade, testou várias possibilidades com o nome do rapaz e o encontrou. Apresentou-se com seu perfil real, mas não causou uma boa impressão.
Houve uma segunda vez, e G. decidiu montar um perfil falso para poder encontrar pessoas ainda desconhecidas no Orkut. "Tem também o caso de eu encontrar uns caras no Orkut e ficar encanado, sem ao menos conhecer. Coloco nos Favoritos do meu computador e entro com uma regularidade para ver o que está acontecendo", conta.

G. diz que já parou com a prática, mas o crescente excesso de informações disponíveis e a necessidade dos ciberperseguidores de saber cada vez pode tornar a prática excessiva e colocar os perseguidos em risco.
A organização Working to Halt Online Abuse (haltabuse.org) diz que recebe de 50 a 75 denúncias do tipo por semana. Na Malásia, o crescimento de casos denunciados à agência CyberSecurity Malaysia cresceu mais de 100% entre 2008 e 2009, segundo dados divulgados no site The Star (thestar.com.my).
"É uma invasão de privacidade. Além de eu ter uma parte exposta da minha vida que pode não ser legal, há um perigo de segurança real", diz Luciana Ruffo, psicóloga do núcleo de pesquisas em psicologia da informática da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica).
Para os que têm o hábito de perseguir o outro on-line, também existem prejuízos: "O perseguidor pode começar a abrir mão da sua vida para seguir o outro".
E, quando a pessoa percebe que a vida do outro começa a ter maior importância do que deveria, é hora de procurar tratamento, indica a psicóloga.
A recomendação para quem é perseguido é não responder às insinuações do perseguidor, não postar informações ou fotos extremamente pessoais e até trocar de conta de e-mail. "Notifique apenas seus amigos e familiares mais próximos sobre a mudança", explica o site Quit Stalking Me (quitstalkingme.com).
Motivações
Quem persegue e quem se expõe têm suas motivações, segundo Ruffo. "Sem falar em um nível extremo criminoso, quem persegue tem curiosidade, quer saber, ter controle sobre a vida do outro", explica.
Já os que se superexpõem ou são ingênuos ou querem ser notados, diz a psicóloga.

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