quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Desinteresse e questões de privacidade afastam pessoas do Facebook

Tyson Balcomb, aluno da Universidade Estadual de Portland, decidiu sair do Facebook depois de um encontro acidental em um elevador. Ele viu-se diante de uma mulher que não conhecia pessoalmente --mas, pelo Facebook, ele sabia que cara o irmão mais velho dela tinha, que ela era de uma pequena ilha ao largo da costa do Estado de Washington e que havia recentemente visitado a Space Needle em Seattle.
"Eu sabia todas essas coisas sobre ela, e nunca havíamos nos falado", conta Balcomb, que está fazendo graduação em medicina no Oregon e tem alguns amigos reais em comum com a mulher. "E comecei a pensar que aquilo talvez não fosse muito saudável."

Enquanto o Facebook prepara sua muito aguardada oferta pública inicial de ações, está ansioso por mostrar ímpeto aproveitando seu imenso quadro de assinantes: mais de 800 milhões de usuários ativos em todo o mundo, segundo a empresa, e 200 milhões nos Estados Unidos, ou dois terços da população do país.
Mas a empresa começa a esbarrar em um obstáculo, entre os norte-americanos. Algumas pessoas, mesmo entre os mais jovens, simplesmente se recusam a participar, e entre elas estão algumas que chegaram a experimentar o serviço.
Um dos principais argumentos de venda do Facebook é que ele permite criar elos mais próximos entre amigos e colegas. Mas algumas das pessoas que preferem ficar fora do site afirmam que ele pode ter o efeito oposto e fazer com que se sintam mais, e não menos, alienadas.
"Eu deixei de telefonar para meus amigos", diz Asleigh Elser, 24, que está fazendo pós-graduação em Charlotesville, Virgínia. "Limitava-me a ver suas fotos e atualizações e achava que desse modo estava conectada a eles".
É certo que uma vida sem Facebook tem desvantagens em uma era na qual as pessoas anunciam toda espécie de marcos pessoais importantes na web. Elser perdeu convites e fotos de bebês recém-nascidos postados por amigos. Mas nada disso a incomodou tanto quanto a distância que, segundo Elser, sua conta no Facebook criava entre ela e os amigos. E por isso decidiu fechá-la.
Muitas das pessoas que preferem ficar fora do serviço mencionam preocupações quanto à privacidade. Os estudiosos das redes sociais afirmam que é tudo uma questão de confiança. Amanda Lenhart, que dirige pesquisas sobre adolescentes, crianças e famílias no Pew Internet and American Life Project, diz que as pessoas que usam o Facebook tendem a "em geral confiar nas outras pessoas e nas instituições". E acrescenta que "algumas pessoas tomam a decisão de não usar o serviço porque temem o que poderia acontecer".
Lenhart aponta que cerca de 16% dos norte-americanos não têm celulares. "Sempre haverá quem resista", diz.

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