A celebrada rádio on-line Pandora (pandora.com,
disponível só nos EUA), que recomenda novas músicas automaticamente com
base em canções de que você já gosta, está prestes a levantar US$ 100
milhões em uma oferta pública inicial de ações.
Diante da "precisão brutal e clínica" com que o serviço é capaz de
antever suas preferências musicais, Virginia Heffernan, colunista do
"New York Times", diz ter se sentido como o gênio russo do xadrez Garry
Kasparov ao ser derrotado, em 1997, por uma máquina (o supercomputador
Deep Blue, da IBM).
"Perdi meu espírito de luta", afirmara ele, na época. "Kasparov
descreveu o sentimento com exatidão. Uma exaustão espiritual surge
quando algo que tradicionalmente é uma experiência com outra mente (um
músico, um jogador de xadrez, um maestro, um DJ) se revela ser um
encontro com uma máquina", escreveu Heffernan, em dezembro de 2010.
No entanto, assim como o Deep Blue se tornou imbatível no xadrez ao
contar com um banco de dados de milhares de partidas disputadas entre
seres humanos, a eficiência do Pandora é fruto do trabalho árduo e
contínuo de especialistas de carne e osso.
Depois de enfrentarem um rigoroso processo seletivo que envolve, entre
outras exigências, "descrever a linguagem harmônica" e "esboçar a
progressão de acordes" de uma canção de jazz, os funcionários do Pandora
passam o dia no escritório da empresa, em Oakland (Califórnia),
analisando e categorizando dezenas de músicas de acordo com aspectos
como melodia, harmonia, ritmo e instrumentação.
"É verdade que os algoritmos combinam canções matematicamente, mas tudo o
que a matemática faz é traduzir algo que um ser humano está medindo",
afirmou Tim Westergren, fundador do Pandora, à "Fast Company".
O Pandora teve lucro pela primeira vez em 2009, nove anos depois de sua
fundação. Foram US$ 50 milhões, número que dobrou em 2010, segundo uma
projeção da empresa de análise digital William Blair.
Com mais de 75 milhões de usuários, o serviço tem ganhado dinheiro
principalmente por meio de parcerias com fabricantes de carros e sons
automotivos.
Por conta de "restrições de licença", o Pandora só funciona nos EUA.
Usuários brasileiros podem recorrer às ferramentas de recomendação
musical --não tão precisos quanto o Pandora, infelizmente-- do Grooveshark e do Last.fm.
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