sábado, 29 de maio de 2010

"Ainda somos pessoas quando jogamos", diz pesquisador

Hilde G. Corneliussen, professor de cultura digital da Universidade de Bergen, na Noruega, passou milhares de horas jogando o RPG on-line World of Warcraft, fazendo entrevistas com outros usuários e estudando o design do game para escrever "Digital Culture, Play, and Identity: A World of Warcraft Reader" (Cultura digital, jogo e identidade: uma compilação de World of Warcraft, em tradução livre), publicado em 2008 pela editora do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts).
"Fiquei fascinado com o jogo, com a forma como ele une pessoas de culturas diferentes, ao mesmo tempo em que você tem que se ajustar à cultura própria do game", afirmou Corneliussen em entrevista à Folha.

O pesquisador crê que World of Warcraft e outros mundos virtuais podem ajudar a melhor compreender a natureza humana porque, apesar de sintéticos, "são feitos por humanos e habitados por humanos".
"Certas condições e aspectos desses mundos faz a nós -ou aos personagens que interpretamos- realizar coisas e fazer escolhas que obviamente não faríamos na vida real", afirma. "Ao mesmo tempo, ainda somos pessoas quando jogamos, nos encontramos e nos comunicamos com outras pessoas no jogo".
Segundo Corneliussen, as convenções de boas maneiras do mundo real se estendem aos universos virtuais. "O que é considerado comportamento bom ou educado off-line é, na maior parte dos casos, considerado bom e educado no jogo".
PESSOAS
Para o pesquisador, não há diferenças entre os estudos tradicionais e aqueles feitos sobre mundos virtuais, já que são pessoas de verdade que os habitam. "Quando se focam as pessoas, estudar gamers não tem diferença nenhuma de estudar qualquer outra arena social".
Depois dos meses de estudo, qual a constatação mais importante a que Corneliussen chegou?
"Além do fato de jogos de computador serem muito divertidos também para mulheres de meia idade, você quer dizer?", responde, bem humorado.
E completa: "Considero o World of Warcraft uma plataforma interessante de cooperação. Enquanto escrevíamos o livro, nos encontrávamos no jogo mais ou menos uma vez por semana, para discutir, fazer planos e, é claro, jogar juntos. Ninguém disse que pesquisa científica precisa ser chata!".

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