É hora de os usuários se apropriarem do novo imaginário criado por tecnologias como a realidade aumentada e o sistema de localização. Esse foi um dos motes defendidos por Cícero Silva, pesquisador e professor que coordena um grupo de estudos de software, na conferência GloNet.
O evento foi realizado na última semana simultaneamente nas cidades de Manchester, São Paulo, Istambul, Vancouver e Sendai. A parte brasileira ocorreu no Masp (Museu de Arte de São Paulo), em São Paulo.
Silva disse que um novo imaginário é criado quando, por exemplo, um usuário aponta sua câmera de iPhone para a cidade e vê alguma mídia associada a um determinado local. "Esses dados são imaginários, são softwares que interpretam a posição geográfica", explica. O pesquisador defende que esse imaginário está sendo comprado por grandes empresas.
"Temos que repensar como vamos reconstruir o simbólico, como a cultura vai se ocupar desses espaços, como cada um vai fazer arte e expressar sua subjetividade nesses espaços", argumenta Silva, que criou um software específico para que os usuários pudessem se apropriar desse espaço virtual.
Instalação
Chamou a atenção de quem passava pelo Masp, durante o GloNet, a instalação do artista Paul Sermon (paulsermon.org). Ele montou uma espécie de videoconferência via internet para colocar participantes remotos em um cenário que simulava ser uma sala de estar.
O artista usou técnicas de realidade aumentada para transferir os participantes de lugar.
Arte aberta
A arte brasileira que usa meios tecnológicos para recriar dispositivos tem uma visão "open source" (código aberto) do mundo, segundo Giselle Beiguelman, professora da pós-graduação em comunicação e semiótica da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), que também falou durante o GloNet. "É uma visão de que você está com um patrimônio que você usa e ele deverá ser usado por outra pessoa depois".
A professora usou a noção de "tecnofagia", a apropriação da tecnologia de maneira criativa -o ato de "comer a tecnologia em todas as formas"- para detalhar a arte tecnológica brasileira. "Prefiro a noção de tecnofagia à de gambiarra", defendeu Beiguelman.
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