segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Ataques de piratas virtuais dão alerta sobre eleições automatizadas nas Filipinas

A onda de ataques de piratas virtuais a sites governamentais espalhou sérias dúvidas sobre a capacidade do governo de proteger informação confidencial, a alguns meses das primeiras eleições automatizadas nas Filipinas, em maio.
O ministro da Saúde filipino, Francisco Duque, apareceu no site de seu próprio ministério soprando um "maço" de pênis, depois de um pirata virtual manipular uma foto dele na qual incentivava os cidadãos a usar buzinas e línguas-de-sogra, em vez dos tradicionais e perigosos fogos de artifício, durante as festas de fim de ano.
Desde que aconteceu esta ação, em 17 de dezembro passado, os sites de Coordenação de Desastres, o Ministério de Desenvolvimento e de Bem-estar Social, e o Ministério do Trabalho sofreram incursões de piratas virtuais e tiveram que suspender temporariamente os serviços.
O Ministério da Justiça nega que estas sabotagens possam ser um teste para manipular os resultados das eleições presidenciais, legislativas e municipais de 10 de maio, as primeiras em que serão usados sistemas eletrônicos para a apuração dos votos.
"Os que afirmam isso são criativos demais. Se fosse assim, os piratas virtuais não se limitariam a alterar as páginas do governo", disse a ministra da Justiça, Agnes Devanadera.
No entanto, a ministra reconheceu que o Escritório Nacional de Investigação (NBI, na sigla em inglês) trabalha nessa possibilidade.
"Os criminosos virtuais parecem especialistas, mas o NBI tem um departamento especializado nesses assuntos e está investigando", disse Devanadera, minimizando a importância dos ataques.
O porta-voz presidencial, Gary Olivar, expressou a preocupação do Executivo com a onda de sabotagens e disse que a Comissão Eleitoral está tomando as medidas oportunas para garantir a segurança do pleito.
Já o porta-voz da Comissão Eleitoral, James Jiménez, disse que o software que será usado para as eleições é muito difícil de ser invadido, e insistiu em que seus especialistas em informática examinaram todos os detalhes do sistema de proteção.
"Temos experiência com protocolos para defender a rede e temos confiança em que sairá bem nas eleições de maio", acrescentou Jiménez.
David de Castro, especialista em proteger empresas privadas contra ataques deste tipo, disse que "é mais que possível que consigam manipular os resultados, principalmente levando em conta que os últimos ataques não parecem muito sofisticados".
Jason Ocampo, especialista de informática do canal de televisão GMA 7, disse que "as bases de dados usadas nas eleições estarão interligadas por meio da internet, de modo que sempre existe o risco de que um criminoso consiga entrar e manipule os resultados. É muito fácil, se conseguirem interceptar a transmissão".
Um grupo de criminosos virtuais invadiu cerca de 30 sites governamentais em 2007, e o Executivo declarou então sua intenção de atualizar seu sistema para torná-lo menos vulnerável.
Os casos de ataques de piratas virtuais são frequentes nas Filipinas, país no qual um estudante criou um dos vírus mais devastadores da história, há dez anos, o denominado "I Love You", que infectou 50 milhões de computadores em todo o planeta.

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