Robôs capazes de coletar objetos, carros sem motorista e sistemas de
locomoção para deficientes físicos foram alguns dos protótipos
demonstrados na Campus Party, feira de tecnologia que termina hoje em
São Paulo.
Aos olhos de alguns dos participantes da feira, os modelos podem não ter
passado de entretenimento, mas, para os especialistas, são aliados em
potencial para ajudar a formar mão de obra especializada no Brasil. Hoje
há cerca de 100 mil vagas abertas em tecnologia no país.
"Aplicada desde o ensino médio, a robótica pode tornar a tecnologia
atraente e, com isso, estimular também aprendizado de disciplinas
exatas", diz Marcos Borges, professor de robótica e programação da
Unicamp e diretor da Auctus Consultoria.
Aos 40 anos, Borges tem cerca de cem alunos de graduação em tecnologia
de análise e desenvolvimento de sistemas. Robótica, uma das disciplinas
mais concorridas, ajuda a reter alunos.
"Em três aulas de duas horas com noções básicas de programação os alunos
já conseguem fazer seus primeiros projetos, o que os deixam mais
motivados", diz.
No ano passado, uma turma que começou com oito alunos matriculados terminou com 20 participantes.
Segundo o professor, não precisa ir muito longe para montar robôs. Em
geral, suas turmas usam kits Lego específicos para automação, mas placas
pré-prontas ajudam.
"Material reciclado e até partes de caixas de leite longa vida que
interagem com fios capazes de gerar campos magnéticos também podem
render boas experiências."
Os resultados da experiência impactam não apenas na criação dos robôs
mas no trabalho em grupo. "Desenvolvimento de software e programação
normalmente são tarefas muito individualistas. Pensar num robô exige
trabalho de equipe."
Entre os especialistas, o uso da robótica nas escolas de ensino
fundamental e médio é visto como uma ferramenta capaz de ajudar a
despertar o interesse dos alunos pela as áreas de tecnologia.
INCENTIVO
Não precisa ir muito longe para promover o incentivo. Feiras de ciências
ou aulas com experimentos podem mostrar as fórmulas teóricas de forma
mais atraente.
A interação com projetos reais das universidades também é alternativa. A
Unicamp mantém o PIC Jr., projeto de iniciação científica que aproxima
os melhores alunos do ensino médio de escolas públicas e disciplinas na
universidade.
No entanto, ainda é necessário que mais escolas abracem a causa do ensino da tecnologia, avalia o professor da Unicamp.
"Desde 1988, quando ingressei na faculdade de engenharia da computação,
quase nada mudou na forma de ensinar. A universidade e as escolas ainda
conseguem ser mais conservadoras do que o mundo real", resume.
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