A Polícia iraniana inaugurou um departamento especial para investigar
crimes na internet, em uma tentativa de restringir o acesso à rede no
país.
O anúncio foi feito pelo chefe da Polícia Nacional, general Esmail
Ahmadi Moqaddam, quem revelou que a primeira dessas unidades já está
operando na capital e que se espera que até 20 de março funcione em todo
o país.
Ele ressaltou que o novo departamento enfrentará os grupos dissidentes e
antirrevolucionários que, segundo as autoridades iranianas, foram os
responsáveis em 2009 pelos protestos contra a reeleição do presidente
Mahmoud Ahmadinejad, que a oposição qualificou como fraudulenta.
Moqaddam, citado nesta segunda-feira (24) pela imprensa estatal,
ressaltou em que esses grupos se aproveitaram das redes sociais para
manter relações com organizações estrangeiras, conspirar e realizar
ações de espionagem.
"Através dessas redes sociais, os antirrevolucionários e os dissidentes
se encontraram, fizeram contatos com estrangeiros e esporearam os
distúrbios", reprimidos com extrema violência pelas forças de segurança,
acrescentou.
Durante os protestos, nos quais, segundo números oficiais, cerca de 30
pessoas morreram, as autoridades iranianas bloquearam o acesso às redes
sociais e sites opositores e reduziram a velocidade de conexão para
impedir o download de arquivos.
Além disso, em um país onde se calcula que haja 20 milhões de usuários
de internet, as autoridades censuraram milhões de sites, entre eles
redes sociais como o Facebook e o Twitter.
No entanto, a população usa diferentes filtros e servidores proxy para
poder ter livre acesso à rede, apesar de sua utilização ser punida com
prisão.
A Polícia chegou a advertir que utilizar filtros e convocar
manifestações através da internet era um crime maior que a própria
participação nas mesmas.
Há meses atua no país o "Exército Cibernético Iraniano", um grupo de
pirataria que invadiu o site de um dos principais líderes da oposição, o
ex-primeiro-ministro e principal candidato eleitoral derrotado, Mir
Hussein Musavi.
Embora não existam provas, especialistas e observadores no país vincularam o citado grupo aos serviços de segurança iranianos.
O chefe do novo departamento, general Kamal Hadianfar, afirmou na
cerimônia de inauguração que seus agentes atuarão "contra todo tipo de
crime no qual se utilize um computador ou uma conexão de internet".
"Atacaremos a exploração criminosa da rede, questões como a pirataria, a
propriedade intelectual, a pornografia infantil e o roubo de informação
confidencial", declarou.
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