Televisores 3D que não exigem óculos para visualizar as imagens
tridimensionais são o trunfo da Toshiba na briga pelo mercado que começa
a se abrir. Uma mulher está por trás do diferencial conquistado pela
empresa japonesa. Foi a pesquisadora Rieko Fukushima a líder do grupo
que desenvolveu a tecnologia usada pela Toshiba, quebrando barreiras de
preconceito contra as mulheres no Japão.
"Eu estaria mentindo se dissesse que, como mulher, isso não foi difícil", disse ela.
O projeto começou há nove anos, logo após a sua volta da licença-maternidade.
A história de Fukushima, 39, é um exemplo raro de uma empresa que soube
aproveitar muito bem o que alguns economistas consideram o recurso mais
subutilizado do Japão: mulheres. De acordo com uma pesquisa do governo
realizada em 2009, as mulheres ocupam 8% dos empregos gerenciais no
Japão; nos EUA, 43% dos cargos de supervisão são ocupados por mulheres.
Mais de dois terços das mulheres japonesas deixam o trabalho após o
nascimento de seu primeiro filho -nos EUA, é apenas um terço.
Foi em 2002 que Fukushima, após a licença maternidade de seu primeiro
filho, ajudou a criar uma nova equipe de pesquisa e desenvolvimento com a
finalidade de explorar as possibilidades dos dispositivos 3D.
Na tecnologia 3D convencional em que se usam óculos, as imagens para
cada olho são rapidamente visualizadas uma após a outra. Filtros
colocados em lentes especiais atuam em sincronia com a TV, de modo que o
olho direito visualiza uma imagem e, depois, o olho esquerdo visualiza a
imagem seguinte, criando uma ilusão de tridimensionalidade.
NOVO MÉTODO
A pesquisadora propôs um novo método, desenvolvendo um algoritmo que age
em um processador de imagens da Toshiba chamado Cell, capaz de criar
nove imagens para cada enquadramento.
Uma película na tela ajusta o ângulo de cada imagem a fim de que o olho
direito visualize somente as imagens destinadas ao olho direito,
enquanto o olho esquerdo visualiza apenas as imagens destinadas ao olho
esquerdo. O maior desafio era fabricar uma TV capaz de exibir imagens 3D
mesmo quando o ângulo de visão fosse mais aberto. A Toshiba não
resolveu o problema inteiramente: suas TVs 3D sem óculos, lançadas no
Japão no ano passado, funcionam melhor quando visualizadas de dentro de
um ângulo de 40 graus.
Uma grande oportunidade para o projeto surgiu em uma convenção de
tecnologia da empresa realizada em maio, quando um protótipo avançado
chamou a atenção de Norio Sasaki, presidente da Toshiba. Depois disso,
houve uma mobilização envolvendo centenas de engenheiros que levou os
cronogramas de produção a avançarem dois anos. "2010 deveria ser o ano
dos óculos 3D", disse ela. "Mas nós vencemos os nossos adversários ao
abandonar os óculos."
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