A LG, uma das maiores fabricantes de eletrônicos do mundo, deixou vazar o
nome, endereço residencial, CPF, data de aniversário e telefones fixo e
celular de quase 72 mil clientes brasileiros.
Disponíveis no site da companhia até o final da semana passada, os dados de 71.739 clientes foram obtidos pela Folha.
Ao tentar fazer o download do manual de um dos modelos de smartphone da
companhia, o LG GT540, o usuário recebia um enorme arquivo contendo uma
tabela com a listagem de dados pormenorizados dos clientes.
A lista, no entanto, não estava mais no ar já na segunda-feira (24).
A reportagem entrou em contato com dez desses clientes. Em todos os
casos, nomes e números eram compatíveis. Sete deles afirmaram que
possuíam aparelhos da companhia. Apenas dois negaram, e um disse não se
recordar.
Procurada, a LG disse em comunicado que "seu site foi invadido durante o
final de semana e que já tomou as providências cabíveis para que isso
não torne a ocorrer".
O empresário carioca Arthur da Silva Neto, 42, notou o vazamento e disse
que tentou alertar a companhia. "Eu fui muito mal atendido. Esses dados
ficaram disponíveis por, pelo menos, uma semana, dez dias. Só quando eu
mencionei o acionamento da empresa, eles retiraram", declarou.
"Agora fico preocupado e desconfiado, não vou mais fazer cadastros em sites", informou.
Para o hacker Vinicius K-Max, 28, a invasão ao site "é possível, mas
pouco provável. Geralmente, quando um site é invadido, o que é conhecido
como desfiguração, há uma mensagem ou protesto. Altera-se um site
inteiro. Em mais de dez anos, eu nunca vi um caso desses".
"Bom, obviamente, a repercussão é imediata. É um erro grosseiro. Pessoas
podem agir de má fé e usar esses dados para golpes. É possível procurar
a Justiça e mover uma indenização em um tribunal de pequenas causas",
diz o advogado e professor da FGV, Marcel Leonardi.
"Ainda que não exista prova concreta da ligação do vazamento a um
possível dano, o consumidor deve exigir que a empresa sane o problema."
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