As técnicas de guerra cibernética podem estar dando um salto adiante e 
os países começam a elevar seus gastos com defesas digitais e novas 
armas eletrônicas, mas a estrutura e filosofia política quanto ao uso 
desses recursos continuam defasadas.
O worm Stuxnet --considerado por muitos como um ataque ao programa 
nuclear do Irã por meio da reprogramação de sistemas de controle 
industrial com o objetivo de causar danos-- é visto como o mais recente 
sinal da crescente militarização do ciberespaço.
Estados Unidos e Reino Unido reforçaram abertamente sua preocupação 
quanto a essa área. Já países emergentes como Rússia e China acreditam 
poder desafiar o domínio norte-americano sobre a tecnologia militar 
convencional.
Agentes não estatais, como grupos militantes, também estão ávidos por aproveitar as novas tecnologias.
Mas as regras e convenções que definem como as armas cibernéticas 
poderiam ser usadas, quem teria o direito de usá-las e de que maneira 
esse uso seria autorizado ainda estão longe de serem claras.
"Na maioria das áreas, as políticas, responsabilidades e papéis 
relevantes não acompanharam o avanço da tecnologia, embora a situação 
esteja mudando," disse Prescott Winter, ex-diretor geral de informações e
 tecnologia da National Security Agency (NSA) dos EUA e atual executivo 
da Arcsight, empresa de segurança da computação.
Os EUA criaram um comando cibernético em suas forças armadas, em parte 
para colocar essas capacidades ofensivas sob controle dos militares, em 
lugar de agências de informações que operam em modo sigiloso, como a 
NSA, encarregada da vigilância eletrônica. Importantes autoridades no 
Reino Unido, nos EUA e em outros países vêm se pronunciando com 
frequência cada vez maior sobre o tema.
Mas esta é uma área que ainda suscita diversas questões morais, éticas e
 práticas até agora, em geral, não respondidas: Como os países 
retaliariam se fosse impossível identificar a origem nacional de um 
atacante que usa um notebook? Quem custearia a proteção de sistemas 
nacionais essenciais como as redes de energia controladas pelo setor 
privado? Os países devem reconhecer que dispõem de capacidades ofensivas
 de guerra cibernética, para dissuadir agressores, ou mantê-las secretas
 --especialmente por nunca saberem ao certo se funcionarão, caso usadas 
em um ataque?
"O ritmo de mudança pode ser abrupto a ponto de tornar o ciclo de ação e
 reação da estratégia tradicional obsoleto antes mesmo que se inicie," 
escreveram pesquisadores do Chatham House, um instituto britânico, em 
relatório publicado este mês, que descrevia o ciberespaço como "no 
momento, inacessível ao discurso político maduro."
 
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