"Eu queria ser um grande engenheiro [da computação]", revela à Folha. Já o parceiro Jobs tinha pendor para grandeza: "Ele queria ser um grande transformador do mundo".
Antes da Apple, Wozniak foi funcionário de baixo escalão da Hewlett-Packard e da Atari, assim como Jobs. Tornaram-se amigos quando descobriram, ainda adolescentes, que gostavam de pregar peças na vizinhança e de eletrônica.
Embora fossem tímidos e deslocados, chegaram a se fantasiar de personagens de "Alice no País das Maravilhas" para ganhar uns trocados em um shopping center. Não tinham a mais remota ideia de que, poucos anos depois, fundariam numa garagem a empresa que é hoje a segunda maior do mundo em valor de mercado.
Wozniak é o autor do cultuado Apple II. Quando a máquina foi lançada, o jovem "Woz" não tinha sequer diploma universitário --fez questão de consegui-lo anos depois, já bilionário. O produto forjou, em 1977, os moldes do que chamamos por décadas de computador pessoal.
A empresa foi responsável ainda por difundir os sistemas operacionais com visual gráfico, o mouse, os tocadores de MP3 e as telas sensíveis ao toque, num carrossel de inovação que não raro morde o próprio rabo ao sepultar suas apostas de anos anteriores.
Na entrevista abaixo, realizada por e-mail, Wozniak descreve sua relação com o executivo-chefe da Apple (apenas "cordial" hoje em dia) e conta quais são seus "gadgets" favoritos.
Antes da Apple, Wozniak foi funcionário de baixo escalão da Hewlett-Packard e da Atari, assim como Jobs. Tornaram-se amigos quando descobriram, ainda adolescentes, que gostavam de pregar peças na vizinhança e de eletrônica.
Embora fossem tímidos e deslocados, chegaram a se fantasiar de personagens de "Alice no País das Maravilhas" para ganhar uns trocados em um shopping center. Não tinham a mais remota ideia de que, poucos anos depois, fundariam numa garagem a empresa que é hoje a segunda maior do mundo em valor de mercado.
Wozniak é o autor do cultuado Apple II. Quando a máquina foi lançada, o jovem "Woz" não tinha sequer diploma universitário --fez questão de consegui-lo anos depois, já bilionário. O produto forjou, em 1977, os moldes do que chamamos por décadas de computador pessoal.
A empresa foi responsável ainda por difundir os sistemas operacionais com visual gráfico, o mouse, os tocadores de MP3 e as telas sensíveis ao toque, num carrossel de inovação que não raro morde o próprio rabo ao sepultar suas apostas de anos anteriores.
Na entrevista abaixo, realizada por e-mail, Wozniak descreve sua relação com o executivo-chefe da Apple (apenas "cordial" hoje em dia) e conta quais são seus "gadgets" favoritos.
Folha- Como é sua relação com Jobs hoje?
Steve Wozniak - Cordial. Converso com ele ocasionalmente. Não com frequência. Geralmente só dou um alô para lembrarmos das coisas do passado ou falar como algum produto é incrível.
Em biografias, vocês dois são descritos como jovens tímidos e nerds. Concorda com essa visão?
Concordo. Mas hoje em dia tenho mais confiança. Também sei que posso ajudar mais as pessoas, principalmente quando me procuram.
Quando éramos jovens, eu queria ser um grande engenheiro [da computação]. Já Jobs queria ser um grande transformador do mundo. Nós dois nos saímos muito bem em relação às nossas metas. Hoje em dia já estamos longe de ser "outsiders".
Claro que ainda tenho um monte de manias bem estranhas ou incomuns. Presumo que Jobs, por sua vez, seja mais normal agora. E, por fim, eu ainda sou completamente "geek", embora existam por aí várias categorias de "geeks" diferentes.
Apesar de ter deixado a Apple em 1985, o senhor ainda tem ações da companhia, certo?
Sim, mas não mantive um bloco muito grande das ações originais.
Isso quer dizer que, desde a ascensão da Apple, o senhor é um bilionário?
Se levarmos em consideração o valor do dólar à época, talvez eu tenha chegado a ser bilionário. Mas desde então já sofri muitas perdas por conta de negócios [que não deram certo]. Uma grande quantia de capital foi dada para instituições de caridade e, além disso, já passei por três divórcios. Então acho que hoje em dia essa afirmação está longe de ser verdade.
Como o senhor vê a repetição de histórias de empreendedores precoces da tecnologia que se tornam multimilionários da noite para o dia?
Julgo o mundo a partir dos produtos e de como eles funcionam na prática, e não por quanto dinheiro eles trazem.
O senhor viu o filme "A Rede Social", sobre o Facebook?
Sim, eu assisti. O filme é OK, mas não chega a ser ótimo. Fiquei com a impressão de que a obra é bem precisa em vários aspectos: a forma que encadeia os fatos e as interpretações que faz deles. Mas tenho sentimentos conflitantes com relação ao fato de o investidor [o brasileiro Eduardo Saverin, que injetou dinheiro na primeira versão do Facebook e detém 5% da empresa] ter sido jogado para fora do projeto.
O senhor disse recentemente que o Google deve tomar cuidado ou se tornará a nova Microsoft [vista com desprezo pelos applemaníacos]. O mesmo não pode ser dito sobre a Apple?
Tenho certeza que muitas pessoas observam ambos, Apple e Google, assim. Mas, veja, a Microsoft fazia porcarias a partir do sistema DOS enquanto a Apple avançava sobre a interface gráfica para sistemas operacionais. Talvez estivéssemos muito adiantados enquanto a Microsoft tinha mais participação no mercado, mas eles vendiam porcarias e nós queríamos fazer bons produtos para os clientes. Conseguimos. A Apple não faz produtos ruins hoje, mesmo que precise flexionar sua musculatura de participação no mercado.
Como vê o avanço dos "tablets", cuja principal missão parece ser a de matar os computadores desktops?
O microprocessador fez com que muitas coisas fossem possíveis. As peças periféricas de um computador [como mouse e monitor] costumavam ser as partes mais caras do produto.
Hoje em dia, elas estão mudando rapidamente, permitindo a produção computadores bem menores (que cabem na palma da mão) com alta potência. Mas eu não vejo esse retrato como uma competição, as pessoas querem produtos novos o tempo todo.
Qual é seu "gadget" favorito, excluindo os da Apple?
Amo meus óculos de prisma que me permitem assistir à TV deitado na cama. E o Game Boy original! Sempre gostei de games, quem não gosta? Hoje em dia, prefiro esses jogos mais antigos e simples, nos mais modernos não consigo acompanhar as crianças.
Também gosto de vários sistemas de navegação "stand-alone" [GPS independentes, com software pré-instalado], dos smartphones e do MiFi [microrroteador sem fio para acesso à internet em alta velocidade]. E o Kindle, ele é ótimo, pequeno e luminoso. Mas os produtos da Apple são os melhores.
E qual é seu "produto favorito" que ainda não inventado?
Um computador com o qual você possa conversar e que vá te responder à altura, que se saia muito bem em se comportar como um ser humano, que seja amigável. Como usuário, não gosto de pensar em todas as etapas que precisam ser realizadas para fazer coisas que podem ser ditas em um instante.
Recentemente o sr. fez aparições em programas de TV como "Dançando com as Estrelas" e "The Big Bang Theory". O que tirou dessas experiências?
Que tenho uma vida abençoada por poder fazer parte desses projetos bacanas, me divertir e acompanhar como a TV é feita. Nunca persegui qualquer tipo de aparição, mas algumas vezes as TVs me chamam.
Eu não assisto TV. Levou muito tempo até que o pessoal do "Dançando com as Estrelas" conseguisse me convencer. Com o "Big Bang Theory", minha mulher assistiu a alguns episódios e me disse que seria algo que eu gostaria de fazer. E se houver algum outro convite de programa televisivo, para mim está legal.
O que espera da sua passagem pelo Brasil?
Já estive aí uma vez [em 2008], foi uma ótima experiência. Naquela ocasião, falei em três cidades, mas não no Rio. Ainda assim, meus anfitriões me levaram para o Rio e foi o lugar mais inesquecível em que já estive.
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