quarta-feira, 28 de julho de 2010

Premiê de Portugal diz que valeu a pena vetar venda da Vivo

O primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, defendeu hoje o uso da ação de ouro do Estado português para vetar a venda de 30% da Vivo controlado pela Portugal Telecom para a Telefónica, recurso considerado ilegal pela Justiça europeia.
Sócrates fez as declarações depois que o Conselho de Administração da Portugal Telecom anunciou um acordo com a Telefónica para a venda da Vivo por 7,5 bilhões de euros e a entrada na operadora brasileira Oi com uma participação de 22,4%.
"Valeu a pena ter resistido às pressões dos mercados financeiros e dos interesses imediatos", disse o chefe de governo português. "Com este acordo se garante a dimensão internacional da Portugal Telecom".
O primeiro-ministro português argumentou que se o governo "não tivesse usado a ação de ouro, a Portugal Telecom teria vendido a Vivo sem outra alternativa no Brasil" e por um valor menor.
Sócrates vetou a venda da Vivo na assembleia geral da Portugal Telecom realizada no dia 30 de junho, apesar de ter sido aprovada por 73,9% dos acionistas da empresa portuguesa.
"Agora, a venda por 7,5 bilhões de euros e o investimento na maior operadora brasileira demonstram que o uso da ação de ouro valeu a pena", acrescentou Sócrates.
O chefe do governo português acredita que a Portugal Telecom, que cuida "dos interesses estratégicos do país na área das telecomunicações", conseguiu um "excelente acordo" com a Telefónica.
Sócrates afirmou que, com o acordo com a Oi, foi confirmada "a vocação da Portugal Telecom de desenvolver projetos industriais e de inovação tecnológica no setor".
"A entrada na Oi representa entrar na maior operadora de telecomunicações brasileira, com mais clientes e mais faturamento que a Vivo", afirmou.
Na opinião do primeiro-ministro português, "sendo a Portugal Telecom um companheiro tecnológico da brasileira Oi, é possível uma ambição e uma visão que consagra esta empresa nos mercados da América Latina e da África como um ator global".
Os conselhos de administração da Portugal Telecom e da Telefónica se reuniram esta manhã para confirmar um acordo ao qual chegaram na madrugada.
NEGÓCIO
Com o negócio, a Telefónica detém aproximadamente 60% da Vivo. Os cerca de 40% restantes da empresa estão em negociação na Bolsa, detidos por acionistas minoritários, a maior parte pessoas físicas.
A empresa espanhola já manifestou o interesse em adquirir, via OPA (Oferta Pública de Ações), mais 3,8% pelas ações ordinárias da Vivo que não são detidas pela Brasilcel --controlada pela Telefónica e detentora da Vivo--, operação estimada em 800 milhões de euros (R$ 1,83 bilhão).
Em comunicado, o presidente mundial do Grupo Telefônica, César Alierta, falou sobre a satisfação obtida pelo acordo com a Portugal Telecom. "[O acordo] beneficia os acionistas de ambas as empresas. Trata-se de uma oportunidade única de criação de valor. A Vivo é líder do mercado de telefonia celular no Brasil, país em que a Telefônica mantém uma aposta decidida de futuro".
Segundo o comunicado a aquisição da Vivo terá uma impacto positivo "tanto nos resultados como na geração de caixa da Telefónica, desde o primeiro ano".

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