O primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, defendeu hoje o uso da
ação de ouro do Estado português para vetar a venda de 30% da Vivo
controlado pela Portugal Telecom para a Telefónica, recurso considerado
ilegal pela Justiça europeia.
Sócrates fez as declarações depois que o Conselho de Administração da
Portugal Telecom anunciou um acordo com a Telefónica para a venda da
Vivo por 7,5 bilhões de euros e a entrada na operadora brasileira Oi com
uma participação de 22,4%.
"Valeu a pena ter resistido às pressões dos mercados financeiros e dos
interesses imediatos", disse o chefe de governo português. "Com este
acordo se garante a dimensão internacional da Portugal Telecom".
O primeiro-ministro português argumentou que se o governo "não tivesse
usado a ação de ouro, a Portugal Telecom teria vendido a Vivo sem outra
alternativa no Brasil" e por um valor menor.
Sócrates vetou a venda da Vivo na assembleia geral da Portugal Telecom
realizada no dia 30 de junho, apesar de ter sido aprovada por 73,9% dos
acionistas da empresa portuguesa.
"Agora, a venda por 7,5 bilhões de euros e o investimento na maior
operadora brasileira demonstram que o uso da ação de ouro valeu a pena",
acrescentou Sócrates.
O chefe do governo português acredita que a Portugal Telecom, que cuida
"dos interesses estratégicos do país na área das telecomunicações",
conseguiu um "excelente acordo" com a Telefónica.
Sócrates afirmou que, com o acordo com a Oi, foi confirmada "a vocação
da Portugal Telecom de desenvolver projetos industriais e de inovação
tecnológica no setor".
"A entrada na Oi representa entrar na maior operadora de
telecomunicações brasileira, com mais clientes e mais faturamento que a
Vivo", afirmou.
Na opinião do primeiro-ministro português, "sendo a Portugal Telecom um
companheiro tecnológico da brasileira Oi, é possível uma ambição e uma
visão que consagra esta empresa nos mercados da América Latina e da
África como um ator global".
Os conselhos de administração da Portugal Telecom e da Telefónica se
reuniram esta manhã para confirmar um acordo ao qual chegaram na
madrugada.
NEGÓCIO
Com o negócio, a Telefónica detém aproximadamente 60% da Vivo. Os cerca
de 40% restantes da empresa estão em negociação na Bolsa, detidos por
acionistas minoritários, a maior parte pessoas físicas.
A empresa espanhola já manifestou o interesse em adquirir, via OPA
(Oferta Pública de Ações), mais 3,8% pelas ações ordinárias da Vivo que
não são detidas pela Brasilcel --controlada pela Telefónica e detentora
da Vivo--, operação estimada em 800 milhões de euros (R$ 1,83 bilhão).
Em comunicado, o presidente mundial do Grupo Telefônica, César Alierta,
falou sobre a satisfação obtida pelo acordo com a Portugal Telecom. "[O
acordo] beneficia os acionistas de ambas as empresas. Trata-se de uma
oportunidade única de criação de valor. A Vivo é líder do mercado de
telefonia celular no Brasil, país em que a Telefônica mantém uma aposta
decidida de futuro".
Segundo o comunicado a aquisição da Vivo terá uma impacto positivo
"tanto nos resultados como na geração de caixa da Telefónica, desde o
primeiro ano".
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