O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que não
interferiu nas negociações da Portugal Telecom na compra de parte da Oi,
anunciada nesta quarta-feira.
A Portugal Telecom anunciou hoje a venda para a espanhola Telefónica dos
30% que controlava na Vivo por 7,5 bilhões de euros, além de um segundo
acordo para adquirir 22,4% da operadora Oi.
"O Brasil não pode, nem poderia ter, nenhuma influência nas negociações
entre a Telefónica da Espanha e a Portugal Telecom. São dois países
soberanos que, entre eles, fizeram um negócio que, pelo que vi hoje nos
jornais, é muito dinheiro. O que estou sabendo é que a parte brasileira e
privada da Oi está negociando com a Portugal Telecom. E, da parte do
governo, está sendo acompanhado pelo BNDES", afirmou em entrevista a
jornalistas após almoço com o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, no
Palácio do Itamaraty.
Lula afirmou que a empresa não deixará de ser nacional porque este foi o
propósito quando criada e que espera que o negócio gere uma grande tele
nacional.
"Sobre o fato da Portugal Telecom ter decidido participar da Oi, só
posso dizer que a Oi continuará sendo brasileira da Silva (...) Vai sair
uma grande tele nacional, eu espero", disse o presidente.
NEGÓCIO
Com o negócio, a Telefónica detém aproximadamente 60% da Vivo. Os cerca
de 40% restantes da empresa estão em negociação na Bolsa, detidos por
acionistas minoritários, a maior parte pessoas físicas.
A empresa espanhola já manifestou o interesse em adquirir, via OPA
(Oferta Pública de Ações), mais 3,8% pelas ações ordinárias da Vivo que
não são detidas pela Brasilcel --controlada pela Telefónica e detentora
da Vivo--, operação estimada em 800 milhões de euros (R$ 1,83 bilhão).
Em comunicado, o presidente mundial do Grupo Telefônica, César Alierta,
falou sobre a satisfação obtida pelo acordo com a Portugal Telecom. "[O
acordo] beneficia os acionistas de ambas as empresas. Trata-se de uma
oportunidade única de criação de valor. A Vivo é líder do mercado de
telefonia celular no Brasil, país em que a Telefônica mantém uma aposta
decidida de futuro".
Segundo o comunicado a aquisição da Vivo terá uma impacto positivo
"tanto nos resultados como na geração de caixa da Telefónica, desde o
primeiro ano".
PAGAMENTO
Segundo o Grupo Telefónica, a oferta já está fechada e por isso "não há
mais nenhum compromisso com relação às melhoras adicionais contempladas
na última proposta".
O pagamento dos 7,5 bilhões de euros (R$ 17,2 bilhões) da oferta final
será feito mediante o pagamento de 40% do montante no fechamento da
operação -- que deve ocorrer em 60 dias, após a aprovação das
autoridades regulatórias brasileiras.
Portanto, a Telefónica desembolsará 4,5 bilhões de euros (R$ 10,32
bilhões) no ato, mais 1 bilhão de euros (R$ 2,29 bilhões) em 31 de
dezembro e, por último, mais 2 bilhões de euros (R$ 4,58 bilhões) em 31
de outubro de 2011.
ACORDO OI E PT
Após a Telefónica anunciar a compra do controle da Vivo, a Portugal
Telecom comunicou ao mercado uma aliança com a Oi, da BrT (Brasil
Telecom). A aliança prevê que a Portugal Telecom terá uma participação
final, direta e indireta, de 22,4% no grupo Oi e que a empresa
brasileira terá até 10% da Portugal Telecom.
As compras de participações entre a Portugal Telecom e Oi se darão por uma série de operações.
De sua parte, a Portugal Telecom vai comprar participações minoritárias
em dois acionistas controladores da Oi, a AG Telecom, do grupo Andrade
Gutierrez; e a La Fonte Telecom, do grupo Jereissati. A empresa
portuguesa também vai comprar 10% de participação direta na Telemar
Participações, controladora da Oi, por R$ 4,24 bilhões.
O aporte da Portugal Telecom na aquisição das participações será de
cerca de R$ 8,44 bilhões no máximo, informou a Oi em comunicado ao
mercado, incluindo participação em aumentos de capital das empresas do
grupo brasileiro.
A operação de aliança envolve também propostas de aumento da capital da
Telemar Participações e da Tele Norte Leste no valor de R$ 12 bilhões
cada, mediante emissão de ações ordinárias e preferenciais.
A emissão da Tele Norte Leste Participações, a empresa operacional do
grupo, será feita ao preço de R$ 38,54 por ação ordinária e de R$ 28,26
por ação preferencial. Já o aumento de capital da Telemar Participações,
será ao preço de R$ 63,70 por ação ordinária e de R$ 50,70 por ação
preferencial.
Desses aumentos de capital, a Portugal Telecom subscreverá ações até o valor de R$ 3,733 bilhões.
Com as operações, a Oi terá direito a participar do conselho de
administração da Portugal Telecom, enquanto a portuguesa também terá
direito a um representante no Conselho da companhia brasileira.
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