Após anunciar que mais
informações sobre a guerra no Afeganistão podem ser divulgadas, o
site WikiLeaks recebeu um apelo da Casa Branca nesta sexta-feira para
que interrompa o vazamento de dados secretos.
Autoridades da administração do presidente Barack Obama disseram que a
investigação sobre o vazamento de milhares de documentos confidenciais
vai além dos militares americanos. De acordo com o porta-voz da Casa
Branca Robert Gibbs a divulgação destas informações colocam em risco a
segurança nacional e as vidas de informantes afegãos e membros do
Exército dos Estados Unidos.
Gibbs comentou ainda as potenciais ações do governo para impedir que
mais dados secretos sejam vazados pelo site WikiLeaks. "Não podemos
fazer nada além de implorar à pessoa que detém estes documentos
confidenciais para que não os divulgue", disse.
Em entrevista ao programa Today, da emissora de televisão NBC, Gibbs
afirmou que "é importante que não haja mais danos à segurança nacional".
JULIAN ASSANGE
O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, disse em entrevista à emissora
estatal de TV da Austrália na quinta-feira que o site contatou a Casa
Branca -- por meio do jornal "New York Times" -- e ofereceu permitir que
autoridades do governo tivessem acesso aos documentos antes de
divulgá-lo, para ter certeza de que pessoas inocentes não fossem
identificadas.
Assange disse que a Casa Branca não respondeu ao contato e negou as
afirmações do governo americano de que pessoas inocentes ou informantes
estivessem correndo perigo após o vazamento dos dados secretos. "Ainda
não houve evidências claras disso", afirmou.
INVESTIGAÇÃO
O inquérito instalado pelo Pentágono tem se focado em Bradley Manning,
22, um especialista em inteligência do Exército americano que já foi
condenado anteriormente por ter vazado vídeos ao site WikiLeaks.
O militar americano é o principal suspeito do vazamento de mais de 91
mil páginas de documentos secretos da guerra do Afeganistão ao site
WikiLeaks, foi transferido de uma prisão militar no Kuait para a base da
Marinha em Quântico, nos Estados Unidos.
Manning, de 22 anos, serviu como analista de inteligência no Iraque. Ele
já havia sido detido em maio passado, suspeito de ter transmitido ao
Wikileaks um vídeo que mostra o ataque de um helicóptero do Exército
americano no Iraque. O ataque causou, em 2007, a morte de dois
funcionários da agência de notícias Reuters e de várias outras pessoas,
em Bagdá.
Ele foi acusado em junho passado de oito violações ao Código Criminal
dos EUA por transferir ilegalmente informações classificadas. Agora, é o
principal suspeito de um novo vazamento de documentos militares ao
WikiLeaks, que causou reação internacional ao revelar detalhes cruéis da
rotina da guerra --como assassinato de civis encobertos e esquadrões
que matam talebans sem julgamento.
TRIBUNAL MILITAR
O militar, afirma a rede de TV americana CNN, permanecerá em
confinamento na base da Marinha até que a investigação do Pentágono
determine se ele deve enfrentar um tribunal militar pelas acusações.
Como seu julgamento não foi determinado, ele ainda não entrou com
declaração de inocência ou culpa.
Segundo o Pentágono, Manning teria acessado um sistema mundial militar
dos Estados Unidos, com acesso restrito via internet, Secret Internet
Protocol Router Network (SIPRNET), e baixado dezenas de milhares de
documentos.
Para poder ter acesso a este sistema, o pessoal autorizado precisa de
senhas, além de passar por outras medidas de controle, como o acesso
físico, para conectar-se a sistemas específicos que fornecem informação
classificada nos mais altos níveis. Ele teria este acesso devido a seu
cargo de analista de inteligência.
A investigação oficial do Pentágono foi aberta na terça-feira (27) e
entregue aos cuidados da mesma Divisão Criminal encarregada do dossiê de
Manning no caso Iraque. Seu nome já havia sido citado por funcionários
do Pentágono como 'pessoa de interesse' no novo caso de vazamento.
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