Um impasse entre a Apple e o governo brasileiro impede que os usuários
de iPad no país tenham acesso a jogos populares, como Fifa Soccer e
SimCity.
O Ministério da Justiça cobra da Apple a classificação etária dos
aplicativos --por lei, todos os jogos precisam ser avaliados no Brasil.
Até agora, a empresa se recusou a seguir a norma. Nas lojas virtuais de
outros países, a Apple usa um sistema de classificação próprio.
Na App Store (loja virtual de aplicativos) brasileira isso não é permitido, o que reduz a oferta de conteúdo.
Davi Pires, responsável pela área de classificação no Ministério, diz
que há diferença entre o sistema usado pela Apple e a norma do país e
que, por isso, o "governo está de mãos atadas".
"Eles não estão dispostos a se adaptar. Nós gostaríamos muito, mas não está por nossa conta", afirma.
Segundo Pires, a Apple alega que têm dificuldade em exibir os símbolos
brasileiros de classificação. A empresa e o governo já se reuniram, mas o
impasse persiste.
O diretor diz que mais jogos devem passar por classificação neste ano.
Atualmente, das 10 mil obras avaliadas pelo ministério, cerca de 10% são
jogos.
A equipe que avalia jogos só conta com cinco profissionais, mas o
analista de classificação Rafael Vilela diz que será possível atender o
aumento da demanda.
ESTRATÉGIA
Para tentar contornar a situação, alguns usuários brasileiros têm
recorrido a estratégias como comprar os jogos pela App Store da
Argentina ou dos Estados Unidos.
Leandro Mingrone, 28, analista de projetos de uma empresa de tecnologia,
recorreu ao endereço e ao número do cartão de crédito de um amigo que
mora no exterior. Agora ele faz suas compras usando uma espécie de
cartão pré-pago virtual.
"Tenho iPad e iPhone e compro quatro ou cinco aplicativos por mês, a
maioria jogos. E nenhum deles pode ser considerado violento, por isso
não concordo com essa burocracia", afirma.
A assessoria de imprensa da Apple disse que a empresa não iria comentar o assunto.
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