A Campus Party, maior evento de tecnologia do Brasil, teve falhas de
energia e internet em quase todos os dias da quarta edição, que ocorre
nesta semana e termina no próximo domingo (23), no Centro de Exposições
Imigrantes, em São Paulo.
Uma das presenças mais aguardadas hoje era a do prefeito Gilberto
Kassab, que cancelou a visita repentinamente devido aos problemas com as
chuvas na capital paulistana.
A Folha conversou com dezenas de pessoas durante o evento na
tarde de hoje, que abriga 6.800 participantes. Dentre elogios e
críticas, o público foi uníssono ao apontar as falhas na energia
elétrica e na internet.
Apenas nesta sexta-feira, houve duas interrupções energéticas: uma
ocorreu por volta das 14h50, com duração de aproximadamente 15 minutos
(foi registrada queda na internet, que voltou rapidamente), e outra em
torno de 17h, com pouca duração.
Uma terceira queda de internet ocorreu às 18h30, e durou quase 15 minutos.
PÚBLICO CRÍTICO
Neste ano, a Campus Party usou apenas dois geradores de energia para o
evento. Após uma queda energética que gerou protestos no primeiro dia, a
Campus Party anunciou o reforço com outros dez geradores -mesmo assim,
informando que a luz poderia demorar até 15 minutos para retornar.
"Por que não colocaram geradores antes, só agora?", questionou o
estudante Edgar Jorge Nogueira Neto à reportagem. "O evento poderia ter
se preparado mais. A conexão de internet está quase igual à da minha
casa", emendou ele, que veio em uma caravana da Bahia para acampar no
evento.
À Folha, a organização afirmou que isso ocorreu "porque picos de
consumo de energia não aconteceram nos anos anteriores [quando havia dez
geradores], o que aconteceu neste ano".
Também da Bahia, a estudante Aline Damasceno de Oliveira, 21, reclamou
da demora para a entrada. "Parece que eles misturaram os crachás, por
isso demorou", disse.
Já a participante Suelen Fenali, 18, que veio de Florianópolis (SC) para
o evento. "É complicado. É minha primeira vez aqui, achei um pouco
desorganizado. Peguei filas longas no primeiro dia para credenciar,
mesmo vindo em caravana."
Ela também informou que o espaço das barracas era pequeno, mas que, com
todos os problemas, deve voltar no ano que vem. "O melhor daqui é o
compartilhamento de conteúdo entre as pessoas que estão aqui."
Os participantes pagaram R$ 140 para ingressar no evento. O camping e o pacote de alimentação eram adicionais.
Testes realizados durante a Campus Party apontaram velocidades
equivalentes a 7,4 Mbps (considerada razoável, porém não ideal, pelos
participantes).
BLOGUEIROS E AFINS
"A Telefônica [patrocinadora do evento] diz que [a Campus Party] é a
maior rede da América Latina, mas não tem estrutura, não funciona", diz o
publicitário e blogueiro
Mauricio Cid Fernandez Morais, 25, criador do blog Não Salvo.
Já Rafael Silva, 23, editor do Tecnoblog,
acredita que houve limitação na conexão. "Há indícios de que estão
limitando a conexão por computador", disse. "A velocidade está boa, mas
baixa para os padrões da Campus Party."
Sobre as quedas de energia, a jornalista e tuiteira Ana Carolina Moreno, 28, diz que a organização "deve se antecipar".
"Se querem fazer o evento em janeiro, eles devem prever que é uma época
de chuvas", afirma ela, ressaltando que preocupação ambiental também
deve pautar o evento. "Separação correta de lixo não se vê aqui na arena
geral", diz.
"Acho que abriram o evento para muita gente, o espaço não comporta 6.800
pessoas. Também há alguns problemas de segurança", opina o publicitário
Fernando Motolese, 27, idealizador do
liberdadetelefônica.org]":http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u494260.shtml,
novamente presente neste ano no evento. O serviço permite fazer
ligações de voz sobre IP gratuitas por meio da internet.
Todos eles, entretanto, elogiaram a curadoria das palestras e discussões do evento.
OUTRAS CIDADES
Mario Teza, diretor-geral da Campus Party, admitiu os problemas de
infraestrutura, e declarou que a organização é "transparente" em relação
ao assunto.
"Não escondemos nada de vocês. Houve problema com os geradores, pois
nunca chegamos aos picos de energia como neste ano. Mas resolvemos
imediatamente", disse ele.
Reforços para a energia elétrica e internet estão sendo pensados para o
ano que vem. Teza, no entanto, não disse quais medidas serão adotadas.
À Folha, ele também afirmou que a Campus Party está pensando em
fraturar o evento em outras cidades e edições, a fim de amortecer a
superlotação do evento.
"Pensamos no Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife, que estão
interessadas em levar a Campus Party. Mas isso ainda está sendo
estudado, porque fazer algo deste porte é bastante trabalhoso e
complexo", declarou.
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