sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Falhas de internet e energia elétrica marcam maior evento de tecnologia do país

A Campus Party, maior evento de tecnologia do Brasil, teve falhas de energia e internet em quase todos os dias da quarta edição, que ocorre nesta semana e termina no próximo domingo (23), no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo.
Uma das presenças mais aguardadas hoje era a do prefeito Gilberto Kassab, que cancelou a visita repentinamente devido aos problemas com as chuvas na capital paulistana.
A Folha conversou com dezenas de pessoas durante o evento na tarde de hoje, que abriga 6.800 participantes. Dentre elogios e críticas, o público foi uníssono ao apontar as falhas na energia elétrica e na internet.
Apenas nesta sexta-feira, houve duas interrupções energéticas: uma ocorreu por volta das 14h50, com duração de aproximadamente 15 minutos (foi registrada queda na internet, que voltou rapidamente), e outra em torno de 17h, com pouca duração.
Uma terceira queda de internet ocorreu às 18h30, e durou quase 15 minutos.
PÚBLICO CRÍTICO
Neste ano, a Campus Party usou apenas dois geradores de energia para o evento. Após uma queda energética que gerou protestos no primeiro dia, a Campus Party anunciou o reforço com outros dez geradores -mesmo assim, informando que a luz poderia demorar até 15 minutos para retornar.
"Por que não colocaram geradores antes, só agora?", questionou o estudante Edgar Jorge Nogueira Neto à reportagem. "O evento poderia ter se preparado mais. A conexão de internet está quase igual à da minha casa", emendou ele, que veio em uma caravana da Bahia para acampar no evento.
À Folha, a organização afirmou que isso ocorreu "porque picos de consumo de energia não aconteceram nos anos anteriores [quando havia dez geradores], o que aconteceu neste ano".
Também da Bahia, a estudante Aline Damasceno de Oliveira, 21, reclamou da demora para a entrada. "Parece que eles misturaram os crachás, por isso demorou", disse.
Já a participante Suelen Fenali, 18, que veio de Florianópolis (SC) para o evento. "É complicado. É minha primeira vez aqui, achei um pouco desorganizado. Peguei filas longas no primeiro dia para credenciar, mesmo vindo em caravana."
Ela também informou que o espaço das barracas era pequeno, mas que, com todos os problemas, deve voltar no ano que vem. "O melhor daqui é o compartilhamento de conteúdo entre as pessoas que estão aqui."
Os participantes pagaram R$ 140 para ingressar no evento. O camping e o pacote de alimentação eram adicionais.
Testes realizados durante a Campus Party apontaram velocidades equivalentes a 7,4 Mbps (considerada razoável, porém não ideal, pelos participantes).
BLOGUEIROS E AFINS
"A Telefônica [patrocinadora do evento] diz que [a Campus Party] é a maior rede da América Latina, mas não tem estrutura, não funciona", diz o publicitário e blogueiro
Mauricio Cid Fernandez Morais, 25, criador do blog Não Salvo.
Já Rafael Silva, 23, editor do Tecnoblog, acredita que houve limitação na conexão. "Há indícios de que estão limitando a conexão por computador", disse. "A velocidade está boa, mas baixa para os padrões da Campus Party."
Sobre as quedas de energia, a jornalista e tuiteira Ana Carolina Moreno, 28, diz que a organização "deve se antecipar".
"Se querem fazer o evento em janeiro, eles devem prever que é uma época de chuvas", afirma ela, ressaltando que preocupação ambiental também deve pautar o evento. "Separação correta de lixo não se vê aqui na arena geral", diz.
"Acho que abriram o evento para muita gente, o espaço não comporta 6.800 pessoas. Também há alguns problemas de segurança", opina o publicitário Fernando Motolese, 27, idealizador do liberdadetelefônica.org]":http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u494260.shtml, novamente presente neste ano no evento. O serviço permite fazer ligações de voz sobre IP gratuitas por meio da internet.
Todos eles, entretanto, elogiaram a curadoria das palestras e discussões do evento.
OUTRAS CIDADES
Mario Teza, diretor-geral da Campus Party, admitiu os problemas de infraestrutura, e declarou que a organização é "transparente" em relação ao assunto.
"Não escondemos nada de vocês. Houve problema com os geradores, pois nunca chegamos aos picos de energia como neste ano. Mas resolvemos imediatamente", disse ele.
Reforços para a energia elétrica e internet estão sendo pensados para o ano que vem. Teza, no entanto, não disse quais medidas serão adotadas.
À Folha, ele também afirmou que a Campus Party está pensando em fraturar o evento em outras cidades e edições, a fim de amortecer a superlotação do evento.
"Pensamos no Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife, que estão interessadas em levar a Campus Party. Mas isso ainda está sendo estudado, porque fazer algo deste porte é bastante trabalhoso e complexo", declarou.

Nenhum comentário: