sábado, 22 de janeiro de 2011

Falhas de internet e energia elétrica marcam maior evento de tecnologia do país

A Campus Party, maior evento de tecnologia do Brasil, teve falhas de energia e internet em quase todos os dias da quarta edição, que ocorre nesta semana e termina no próximo domingo (23), no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo.
Uma das presenças mais aguardadas ontem era a do prefeito Gilberto Kassab, que cancelou a visita repentinamente devido aos problemas com as chuvas na capital paulistana.

A Folha conversou com dezenas de pessoas durante o evento, que abriga 6.800 participantes. Dentre elogios e críticas, o público foi uníssono ao apontar as falhas na energia elétrica e na internet.
Apenas na sexta-feira, houve duas interrupções energéticas: uma ocorreu por volta das 14h50, com duração de aproximadamente 15 minutos (foi registrada queda na internet, que voltou rapidamente), e outra em torno de 17h, com pouca duração.
Uma terceira queda --dessa vez, na internet-- ocorreu às 18h30, e durou quase 15 minutos.
Devido às fortes chuvas de ontem, campuseiros também tiveram que lidar com goteiras no evento --o que podia afetar os computadores e máquinas do local.
PÚBLICO CRÍTICO
Neste ano, a Campus Party usou apenas dois geradores de energia para o evento. Após uma queda energética que gerou protestos no primeiro dia, a organização anunciou o reforço com outros dez geradores -mesmo assim, informando que a luz poderia demorar até 15 minutos para retornar.
"Por que não colocaram geradores antes, só agora?", questionou o estudante Edgar Jorge Nogueira Neto à reportagem. "O evento poderia ter se preparado mais. A conexão de internet está quase igual à da minha casa", emendou ele, que veio em uma caravana da Bahia para acampar no evento.
À Folha, a organização afirmou que a ausência de geradores ocorreu "porque picos de consumo de energia não aconteceram nos anos anteriores [quando havia dez geradores], o que aconteceu neste ano".

Também da Bahia, a estudante Aline Damasceno de Oliveira, 21, reclamou da demora para a entrada. "Parece que eles misturaram os crachás, por isso demorou", disse.
Já a participante Suelen Fenali, 18, que veio de Florianópolis (SC) para o evento. "É complicado. É minha primeira vez aqui, achei um pouco desorganizado. Peguei filas longas no primeiro dia para credenciar, mesmo vindo em caravana."
Ela também informou que o espaço das barracas era pequeno, mas que, com todos os problemas, deve voltar no ano que vem. "O melhor daqui é o compartilhamento de conteúdo entre as pessoas."
Os participantes pagaram R$ 140 para ingressar no evento. O camping e o pacote de alimentação eram adicionais.
Testes realizados durante a Campus Party apontaram velocidades equivalentes a 7,4 Mbps (considerada razoável, porém não ideal, pelos participantes).
BLOGUEIROS E AFINS
"A Telefônica [patrocinadora do evento] diz que [a Campus Party] é a maior rede da América Latina, mas não tem estrutura, não funciona", diz o publicitário e blogueiro
Mauricio Cid Fernandez Morais, 25, criador do blog Não Salvo.
Já Rafael Silva, 23, editor do Tecnoblog, acredita que houve limitação na conexão. "Há indícios de que estão limitando a conexão por computador", disse. "A velocidade está boa, mas baixa para os padrões da Campus Party."

Sobre as quedas de energia, a jornalista e tuiteira Ana Carolina Moreno, 28, diz que a organização "deve se antecipar".
"Se querem fazer o evento em janeiro, eles devem prever que é uma época de chuvas", afirma ela, ressaltando que preocupação ambiental também deve pautar o evento. "Separação correta de lixo não se vê aqui na arena geral. Hoje é preciso se preocupar com o ambiente", diz.
"Acho que abriram o evento para muita gente, o espaço não comporta 6.800 pessoas. Também há alguns problemas de segurança", opina o publicitário Fernando Motolese, 27, idealizador do liberdadetelefônica.org, novamente presente neste ano no evento. O serviço permite fazer ligações de voz sobre IP gratuitas por meio da internet.
Todos eles, entretanto, elogiaram a curadoria das palestras e discussões do evento.
OUTRAS CIDADES
Mario Teza, diretor-geral da Campus Party, admitiu os problemas de infraestrutura, e declarou que a organização é "transparente" em relação ao assunto.
"Não escondemos nada de vocês. Houve problema com os geradores, pois nunca chegamos aos picos de energia como neste ano. Mas resolvemos imediatamente", disse ele.
Reforços para a energia elétrica e internet estão sendo pensados para o ano que vem. Teza, no entanto, não disse quais medidas serão adotadas.
À Folha, ele também afirmou que a Campus Party está pensando em fraturar o evento em outras cidades e edições, a fim de amortecer a superlotação.
"Pensamos no Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife, que estão interessadas em levar a Campus Party. Mas isso ainda está sendo estudado, porque fazer algo deste porte é bastante trabalhoso e complexo", declarou.
A ausência de transmissão (tanto na Campus Party quanto via internet) da palestra do prêmio Nobel Al Gore ocorreu porque ele não cedeu os direitos de imagem, segundo ele.
Às 19h deste sábado, o evento traz o cofundador da Apple, Steve Wozniak, para falar aos participantes. Teza não garantiu se a palestra de Wozniak será transmitida --justamente pela incerteza quanto aos direitos de imagem.

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